Há cerca de um ano fui
confrontado com um repto que me deixou muito aflito e amedrontado. O desafio
que me foi colocado primeiro, por um colega de trabalho, depois confirmado e
reforçado por uma instituição de imenso prestígio local e nacional,
representativa de valores religiosos que ultrapassam a minha condição de
simples mortal, de um pecador que, eventualmente, nem seria merecedor de tal
privilégio por parte de quem o convocou para esta nobre missão.
Com efeito, o meu
colega Dr. Rui Ramalhosa, teve a gentileza de me sondar sobre a possibilidade
de eu escrever "umas coisas", sobre a vida e obra de S. Bento de
Seixas, conjugadamente com a história da Confraria do venerando Santo, no
contexto de uma população residente e emigrante que, convictamente, professa a
sua fé em S. Bento, tendo, ainda, em atenção quatro grandes dimensões que os
escritos deveriam abarcar: religiosa, histórica, profana e filosófica.
Confesso que fiquei,
num primeiro momento, bastante confuso e, desde logo, fui invadido pelo receio
de que tal exigência poderia ser incompatível com as minhas capacidades, para
além de poder vir a resvalar para algum tipo de profanização o que, de todo, eu
teria o dever de evitar. Além do mais, eu nunca tinha escrito nada com a
exigência, rigor e fé a que ficaria obrigado, caso aceitasse a
"provocação" que então me era dirigida.
Claro que fiquei a
pensar no convite, para mim, muito aliciante e, antecipadamente, gratificante,
porque eu também sou crente, acredito na santificação de S. Bento, por Quem
manifesto respeito e crença, apelo à sua intercessão, nos momentos de maior
aflição na vida.
Entendi, ainda, este
repto como uma oportunidade para honrar e dignificar S. Bento, por tudo o que
Ele tem feito por mim, pela minha família e pelas pessoas minhas amigas, para
as quais e sempre que julgo necessário, peço proteção, orientação e sorte na
vida. Tenho sido atendido, por isso, também tenho de retribuir.
Este foi um primeiro
motivo para amadurecer a decisão de aceitar o convite que, amavelmente, me foi,
posteriormente, endereçado por todos os membros da Confraria de S. Bento de
Seixas, numa reunião para o efeito realizada.
Aconselhei-me,
entretanto, com algumas pessoas da minha inteira confiança: família, que
rejubilou com este honroso convite e me entusiasmou a aceitar a tarefa. Tive o
cuidado de, numa postura ético-cultural, conversar com outro colega da escrita
que, numa atitude de grande humildade e solidariedade me deixou à-vontade para
iniciar o "trabalho". Troquei, igualmente, impressões com colegas de
trabalho que, desde logo, não só me incentivaram como se disponibilizaram para
me ajudar no que fosse preciso. Estavam reunidas as condições para avançar.
Desde já devo agradecer
o grande apoio que me foi dado pelos membros da Confraria de S. Bento, ao me
disponibilizarem toda a documentação que tinham em seu poder, pelo
acompanhamento que ao longo do trabalho me deram, de forma muito compreensiva,
solidária e com permanente incentivo. Sem esta ajuda, provavelmente, não
chegaria a esta cerimónia. A estes ilustres membros da Confraria de S. Bento de
Seixas, aos irmãos e a todos os seixenses, muito obrigado.
Uma palavra de grande
gratidão devo-a ao Senhor Padre Ricardo, digníssimo Pároco de Seixas que me
honrou com um prefácio que, na verdade, ultrapassou todas as minhas
expectativas, porque não serei a pessoa assim tão merecedora de elogios que,
apesar disso, sei serem sinceros, mas devo confessar que, a sua análise
psicológica e religiosa, a meu respeito, corresponde à verdade. Já li imensas
vezes o este generoso prefácio que a partir de então, passa a ser uma
referência na minha vida que terei muito orgulho em apresentá-la em quaisquer
circunstâncias. Muito Obrigado Senhor Padre Ricardo.
Penso que é importante
realçar, aqui e agora, a adesão manifestada pelas mais diversas personalidades
da nossa vida societária. Registo com muita emoção e orgulho a presença de
pessoas que, desempenhando várias e elevadas funções no seio da nossa
comunidade local e nacional, também me fazem a gentileza de serem minhas amigas
e que eu, humildemente, procuro retribuir. É gratificante sabermos que temos
amigos, que eles respondem positivamente aos nossos apelos, nos bons e nos maus
momentos da vida.
Algumas, muito breves,
referências ao "livrinho" que foi lançado no dia 7 de Janeiro de
2012. Nele coloquei, sem qualquer preconceito, toda a minha sensibilidade religiosa,
as minhas dificuldades existenciais, as quais e invocando a sabedoria de um dos
maiores filósofos de todos os tempos, Sócrates, que tendo vivido entre os anos
469-399 antes de Cristo, portanto há mais de 2.400 anos, manifestava dúvidas,
aparentemente, tão simples como estas: "Quem sou?”, “De onde venho?”, “O
que faço Aqui?” e “Para onde vou?". Que cada pessoa reflita profundamente
e dê a resposta.
Hoje, em pleno século
XXI, não temos a certeza de que a Ciência, a Técnica, a Tecnologia e todos os
avanços cognitivos do homem, possam dar respostas concretas, objetivas,
observáveis e validadas àquelas interrogações! O HOMEM continua a ser um
mistério para si próprio. Ele vive atormentado porque não consegue controlar
tudo o que está à sua volta, nem sequer consegue saber qual será o seu fim
último, e quando este vai ocorrer.
Em todo o caso, este
mesmo HOMEM, insatisfeito, porque ainda não totalmente realizado, ele continua
a considerar-se um ser superior, concebido à imagem do seu Criador,
independentemente das suas convicções religiosas, que, no presente livrinho,
houve o cuidado de respeitar. É possível que, numa situação-limite, de vida ou
de morte, todos nós tenhamos, um pensamento, dirigido a Deus suplicando-Lhe
proteção. Não tenhamos vergonha, nem preconceitos, com os valores religiosos e
com eles recorrer à Divindade.
É este HOMEM que, neste
livrinho, se invoca, consubstanciado na figura insigne de S. Bento, também este
com todas as suas dificuldades e incompreensões, até dos próprios monges que
ele sempre defendeu, ensinou e repreendeu, quando tinha de o fazer. Também Ele
um homem imperfeito, porém, determinado a seguir o caminho de Deus, um exemplo
para a humanidade, padroeiro da Europa Livre e Democrática.
Entretanto e antes de
concluir, tenho o dever de dizer que, enquanto crente, estou sempre disponível
para colaborar com as instituições religiosas, para a realização de trabalhos
desta natureza, em prol da defesa de valores que, de alguma forma e nas mais
diversas circunstâncias da vida, por vezes, todos comungamos, com mais ou menos
Fé, mas com a esperança na obtenção de soluções que contribuam para a resolução
dos nossos problemas.
Quero com isto afirmar
que terei muito gosto em trabalhar com as pessoas responsáveis pelas Paróquias,
Comissões Fabriqueiras, Confrarias, Juntas de Freguesia e outras instituições,
ligadas à divulgação e preservação da nossa cultura, dos nossos valores, das
nossas tradições, especialmente aquelas de cariz religioso. Penso que Religião,
Razão, Ciência, Tecnologia, Ordem e Progresso não são incompatíveis, pelo
contrário, complementam-se e dão ao ser humano a sua dimensão superior.
Não poderei deixar
passar esta oportunidade para vos confessar que estou muito empenhado em
contribuir para que o nosso concelho continue a ser uma referência nacional,
nos diversos domínios que mais o caracterizam: o turismo religioso, com as suas
festas e romarias, dimensões sagradas e profanas, a gastronomia, as belíssimas
paisagens: desde o maravilhoso Rio Minho (ao qual nos referimos neste livrinho
que foi de lançado, com um artigo intitulado: "A Lenda do Rio Minho"), a nossa orla marítima, todo o
contexto da serra D'Arga, o artesanato, as tradições seculares das desfolhadas,
matança do porco, jogos populares, a pesca, a caça, a agricultura de
minifúndio, enfim, um manancial a não se perder, que constitui o nosso mais
valioso património natural e construído.
Em consequência e na
qualidade de cidadão, natural, criado e residente no Concelho de Caminha,
também tenho o dever cívico de dar o meu contributo, para engrandecer, ainda
mais, este recanto minhoto e manifestar a disponibilidade para prestar a minha
cooperação sincera e empenhada.
Concluo esta minha
breve intervenção com um muito e sincero muito obrigado a todos os que, cada um
à sua maneira, me ajudara a realizar esta obra, a qual, de ora em diante, passa
a ser de todos nós; pedir desculpa por, certamente, não corresponder às vossas
expectativas, mas também garantir-vos que fiz o melhor que sabia e podia;
solicitar-vos que adquiram o livrinho, que está a ser vendido pela Confraria de
S. Bento de Seixas, porque o produto reverterá, integralmente, para Confraria
de S. Bento; por fim, formular um pedido a S. Bento para que nos ilumine a
todos nós, que interceda por nós e nos proteja.
Durante os festejos em
honra de S. Bento, penso que é uma boa altura para adquirirem uma recordação
sobre S. Bento, de Seixas e, desta forma, ajudarem, ainda mais, a Confraria a realizar os muitos melhoramentos
que têm projetados.
Que 2012 e seguintes,
por muitos e muitos anos, vos proporcione muita saúde, trabalho, felicidade e
paz. Obrigado.(http://www.caminha2000.com/jornal/n570/seixas.html)
O Presidente
da Direção da ARPCA,
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo