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domingo, 1 de julho de 2012

S. Bento: Pescador de Homens

Há cerca de um ano fui confrontado com um repto que me deixou muito aflito e amedrontado. O desafio que me foi colocado primeiro, por um colega de trabalho, depois confirmado e reforçado por uma instituição de imenso prestígio local e nacional, representativa de valores religiosos que ultrapassam a minha condição de simples mortal, de um pecador que, eventualmente, nem seria merecedor de tal privilégio por parte de quem o convocou para esta nobre missão.
Com efeito, o meu colega Dr. Rui Ramalhosa, teve a gentileza de me sondar sobre a possibilidade de eu escrever "umas coisas", sobre a vida e obra de S. Bento de Seixas, conjugadamente com a história da Confraria do venerando Santo, no contexto de uma população residente e emigrante que, convictamente, professa a sua fé em S. Bento, tendo, ainda, em atenção quatro grandes dimensões que os escritos deveriam abarcar: religiosa, histórica, profana e filosófica.
Confesso que fiquei, num primeiro momento, bastante confuso e, desde logo, fui invadido pelo receio de que tal exigência poderia ser incompatível com as minhas capacidades, para além de poder vir a resvalar para algum tipo de profanização o que, de todo, eu teria o dever de evitar. Além do mais, eu nunca tinha escrito nada com a exigência, rigor e fé a que ficaria obrigado, caso aceitasse a "provocação" que então me era dirigida.
Claro que fiquei a pensar no convite, para mim, muito aliciante e, antecipadamente, gratificante, porque eu também sou crente, acredito na santificação de S. Bento, por Quem manifesto respeito e crença, apelo à sua intercessão, nos momentos de maior aflição na vida.
Entendi, ainda, este repto como uma oportunidade para honrar e dignificar S. Bento, por tudo o que Ele tem feito por mim, pela minha família e pelas pessoas minhas amigas, para as quais e sempre que julgo necessário, peço proteção, orientação e sorte na vida. Tenho sido atendido, por isso, também tenho de retribuir.
Este foi um primeiro motivo para amadurecer a decisão de aceitar o convite que, amavelmente, me foi, posteriormente, endereçado por todos os membros da Confraria de S. Bento de Seixas, numa reunião para o efeito realizada.
Aconselhei-me, entretanto, com algumas pessoas da minha inteira confiança: família, que rejubilou com este honroso convite e me entusiasmou a aceitar a tarefa. Tive o cuidado de, numa postura ético-cultural, conversar com outro colega da escrita que, numa atitude de grande humildade e solidariedade me deixou à-vontade para iniciar o "trabalho". Troquei, igualmente, impressões com colegas de trabalho que, desde logo, não só me incentivaram como se disponibilizaram para me ajudar no que fosse preciso. Estavam reunidas as condições para avançar.
Desde já devo agradecer o grande apoio que me foi dado pelos membros da Confraria de S. Bento, ao me disponibilizarem toda a documentação que tinham em seu poder, pelo acompanhamento que ao longo do trabalho me deram, de forma muito compreensiva, solidária e com permanente incentivo. Sem esta ajuda, provavelmente, não chegaria a esta cerimónia. A estes ilustres membros da Confraria de S. Bento de Seixas, aos irmãos e a todos os seixenses, muito obrigado.
Uma palavra de grande gratidão devo-a ao Senhor Padre Ricardo, digníssimo Pároco de Seixas que me honrou com um prefácio que, na verdade, ultrapassou todas as minhas expectativas, porque não serei a pessoa assim tão merecedora de elogios que, apesar disso, sei serem sinceros, mas devo confessar que, a sua análise psicológica e religiosa, a meu respeito, corresponde à verdade. Já li imensas vezes o este generoso prefácio que a partir de então, passa a ser uma referência na minha vida que terei muito orgulho em apresentá-la em quaisquer circunstâncias. Muito Obrigado Senhor Padre Ricardo.
Penso que é importante realçar, aqui e agora, a adesão manifestada pelas mais diversas personalidades da nossa vida societária. Registo com muita emoção e orgulho a presença de pessoas que, desempenhando várias e elevadas funções no seio da nossa comunidade local e nacional, também me fazem a gentileza de serem minhas amigas e que eu, humildemente, procuro retribuir. É gratificante sabermos que temos amigos, que eles respondem positivamente aos nossos apelos, nos bons e nos maus momentos da vida.
Algumas, muito breves, referências ao "livrinho" que foi lançado no dia 7 de Janeiro de 2012. Nele coloquei, sem qualquer preconceito, toda a minha sensibilidade religiosa, as minhas dificuldades existenciais, as quais e invocando a sabedoria de um dos maiores filósofos de todos os tempos, Sócrates, que tendo vivido entre os anos 469-399 antes de Cristo, portanto há mais de 2.400 anos, manifestava dúvidas, aparentemente, tão simples como estas: "Quem sou?”, “De onde venho?”, “O que faço Aqui?” e “Para onde vou?". Que cada pessoa reflita profundamente e dê a resposta.
Hoje, em pleno século XXI, não temos a certeza de que a Ciência, a Técnica, a Tecnologia e todos os avanços cognitivos do homem, possam dar respostas concretas, objetivas, observáveis e validadas àquelas interrogações! O HOMEM continua a ser um mistério para si próprio. Ele vive atormentado porque não consegue controlar tudo o que está à sua volta, nem sequer consegue saber qual será o seu fim último, e quando este vai ocorrer.
Em todo o caso, este mesmo HOMEM, insatisfeito, porque ainda não totalmente realizado, ele continua a considerar-se um ser superior, concebido à imagem do seu Criador, independentemente das suas convicções religiosas, que, no presente livrinho, houve o cuidado de respeitar. É possível que, numa situação-limite, de vida ou de morte, todos nós tenhamos, um pensamento, dirigido a Deus suplicando-Lhe proteção. Não tenhamos vergonha, nem preconceitos, com os valores religiosos e com eles recorrer à Divindade.
É este HOMEM que, neste livrinho, se invoca, consubstanciado na figura insigne de S. Bento, também este com todas as suas dificuldades e incompreensões, até dos próprios monges que ele sempre defendeu, ensinou e repreendeu, quando tinha de o fazer. Também Ele um homem imperfeito, porém, determinado a seguir o caminho de Deus, um exemplo para a humanidade, padroeiro da Europa Livre e Democrática.
Entretanto e antes de concluir, tenho o dever de dizer que, enquanto crente, estou sempre disponível para colaborar com as instituições religiosas, para a realização de trabalhos desta natureza, em prol da defesa de valores que, de alguma forma e nas mais diversas circunstâncias da vida, por vezes, todos comungamos, com mais ou menos Fé, mas com a esperança na obtenção de soluções que contribuam para a resolução dos nossos problemas.
Quero com isto afirmar que terei muito gosto em trabalhar com as pessoas responsáveis pelas Paróquias, Comissões Fabriqueiras, Confrarias, Juntas de Freguesia e outras instituições, ligadas à divulgação e preservação da nossa cultura, dos nossos valores, das nossas tradições, especialmente aquelas de cariz religioso. Penso que Religião, Razão, Ciência, Tecnologia, Ordem e Progresso não são incompatíveis, pelo contrário, complementam-se e dão ao ser humano a sua dimensão superior.
Não poderei deixar passar esta oportunidade para vos confessar que estou muito empenhado em contribuir para que o nosso concelho continue a ser uma referência nacional, nos diversos domínios que mais o caracterizam: o turismo religioso, com as suas festas e romarias, dimensões sagradas e profanas, a gastronomia, as belíssimas paisagens: desde o maravilhoso Rio Minho (ao qual nos referimos neste livrinho que foi de lançado, com um artigo intitulado: "A Lenda do Rio Minho"), a nossa orla marítima, todo o contexto da serra D'Arga, o artesanato, as tradições seculares das desfolhadas, matança do porco, jogos populares, a pesca, a caça, a agricultura de minifúndio, enfim, um manancial a não se perder, que constitui o nosso mais valioso património natural e construído.
Em consequência e na qualidade de cidadão, natural, criado e residente no Concelho de Caminha, também tenho o dever cívico de dar o meu contributo, para engrandecer, ainda mais, este recanto minhoto e manifestar a disponibilidade para prestar a minha cooperação sincera e empenhada.
Concluo esta minha breve intervenção com um muito e sincero muito obrigado a todos os que, cada um à sua maneira, me ajudara a realizar esta obra, a qual, de ora em diante, passa a ser de todos nós; pedir desculpa por, certamente, não corresponder às vossas expectativas, mas também garantir-vos que fiz o melhor que sabia e podia; solicitar-vos que adquiram o livrinho, que está a ser vendido pela Confraria de S. Bento de Seixas, porque o produto reverterá, integralmente, para Confraria de S. Bento; por fim, formular um pedido a S. Bento para que nos ilumine a todos nós, que interceda por nós e nos proteja.
Durante os festejos em honra de S. Bento, penso que é uma boa altura para adquirirem uma recordação sobre S. Bento, de Seixas e, desta forma, ajudarem, ainda mais,  a Confraria a realizar os muitos melhoramentos que têm projetados.
Que 2012 e seguintes, por muitos e muitos anos, vos proporcione muita saúde, trabalho, felicidade e paz. Obrigado.(http://www.caminha2000.com/jornal/n570/seixas.html)

O Presidente da Direção da ARPCA,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo