O tema apresentado em título interrogativo pode
suscitar alguma polémica, desde logo porque o futuro não é uma realidade que a
ciência e a técnica possam garantir a partir de resultados objectivos,
testados, repetíveis e reversíveis e, por outro lado, igualmente complexo,
quando se pretende abordar as condições necessárias e suficientes para se
assegurar a existência de um futuro mais pacífico, mesmo que não se considere o
relativismo do termo pacífico, porque o que para uns é pacífico, para outros
pode ser conflituoso, ou, no mínimo, algo polémico.
Ainda assim, correndo, embora, os riscos inerentes a
quem ousa abordar um tema tão preocupantemente e atual, o contributo dos
cidadãos e das instituições é importante, apesar de, uma posição mais
teológica, defender que o “futuro a Deus
pertence”, o homem real e profano, ter o dever de se envolver, com os
recursos de que dispõe, na construção de um futuro mais pacífico, mais
afectivista, mais humanista, pelo menos, para as gerações que agora estão a
tomar contacto com realidades tão difíceis e desafiadoras.
E se reflectir sobre o passado é um exercício
fundamental, para a partir do presente, que é efémero, se projetar o futuro,
que é incerto, não menos importante é viver cada momento atual à luz das
experiências e dos conhecimentos adquiridos, melhorando-os, adaptando-os e,
simultaneamente, evitar os erros cometidos, o que também é um bom processo de
aprendizagem.
Organizações e indivíduos, no exercício das inúmeras
funções, na luta por alcançar objectivos previamente fixados, naturalmente que
cometem muitos erros: uns, involuntariamente; outros, por obstinação e
resistência à mudança; outros, ainda, com intencionalidade e espírito
inconfessáveis. Quaisquer que sejam os erros e as circunstâncias em que foram
cometidos, deve-se tirar as devidas consequências e com eles aprender exercer
novas atitudes, boas-práticas, designadamente, no relacionamento humano, a
todos os níveis da existência.
É provável que uma parte significativa dos
conflitos, que chegam aos tribunais ou aos campos de guerra, possam ser
solucionados através de acordos prévios, consensos e cedências recíprocas,
desde que as pessoas estejam preparadas e disponíveis para o exercício de uma
nova pedagogia (não-cognitiva) e de uma nova justiça, (não punitiva) justamente
através de um relacionamento leal, responsavelmente crítico e generosamente
tolerante.
Os conflitos solucionados pelos mecanismos do
bom-senso, da compreensão e tolerância, materializados em acordos justos e
dignificantes para as partes, não deixam sequelas tão profundas e duradouras,
como aquelas que resultam da intervenção coerciva do poder judicial e/ou
bélico. A resolução dos conflitos numa base igualitária do tipo “ganha/ganha”, poderá ser a pedagogia que
no futuro torne o relacionamento humano mais pacífico e genuíno.
O Presidente
da Direção da ARPCA,
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo