Provavelmente, toda a pessoa otimista e,
concretamente, o povo português, sempre entende que qualquer situação, “ainda
podia ser pior”, o que significa que, “do
mal, o menos”, isto é, com o advento de um novo ano, algo pode mudar,
natural e desejavelmente, para melhor, é o que toda a gente mais ambiciona.
No Ano Novo também se festeja o “Dia Mundial da
Paz”. Seguramente que neste primeiro dia do ano, quem é que, entre outros
valores não deseja a Paz, a Segurança, a Estabilidade em todas as suas
dimensões e, já agora, quem não pretende que também a Solidariedade, o Amor, a
Amizade, a Lealdade, a Humildade, a Gratidão e tantos outros bens imateriais
que se refletem na vida das pessoas, sejam uma realidade?
Agora é tempo de uma nova esperança, num futuro
melhor, para todas as pessoas, independentemente da sua condição estatutária. É
o primeiro dia de muitos dias, meses e anos que se pretendem de sucesso, de
felicidade, de conforto espiritual e material, porque estes dois bens são
inseparáveis.
Todos os Anos Novos, renasce uma promissora
expectativa. O mundo, no seu todo e, particularmente, as gentes de todas as
condições, acreditam que será possível um futuro melhor, basta que todas as
pessoas para isso queiram contribuir: seja com os seus comportamentos
compreensivos, tolerantes e cooperantes; seja com uma forte determinação em
eliminar as consequências negativas que transitaram do ano passado, corrigindo
erros, melhorando atitudes.
O Ano Novo deverá levar-nos a refletir sobre o que
poderemos melhorar, o que deveremos refazer, ou começar tudo de novo. É tempo
de fazer o balanço de um ano de convivência com os nossos semelhantes, seja em
que contexto for: familiar, profissional, social, cultural, político,
religioso, lazer ou qualquer outro.
É essencial que, independentemente das afrontas de
que tenhamos sido vítimas, do desdém a que nos tenham votado, das rejeições que
sofremos ao longo do ano anterior, tenhamos agora condições para apelarmos a
quem de alguma forma nos “humilhou” para que cessem com esse comportamento
desumano.
É tempo de reacendermos a chama de uma nova
esperança, de uma nova oportunidade para a boa convivência, para a
solidariedade, para a amizade, para a lealdade, para a humildade e para a
gratidão. Não podemos ignorar quem nos tem feito bem, sob várias perspetivas,
sem nunca pedir nada em troca, a não ser a retribuição daqueles valores e
atitudes.
Para este novo ano de 2016, deseja-se apaziguar os
conflitos locais, regionais e internacionais, como também as crispações
nacionais que, em determinados setores da vida pública se fazem sentir, e que
não conduzem a resultados que sejam favoráveis ao bem-estar das populações.
É inaceitável pensar-se, exclusivamente, no
interesse próprio, mesmo que isso seja legítimo, do ponto de vista de quem
assim procede, todavia, se o todo estiver bem, igualmente, as partes também
estarão. O coletivo social deve estar ao serviço da pessoa verdadeiramente
humana, tal como esta, também tem o dever de colaborar nos projetos coletivos.
Em todos os Anos Novos se renovam votos para um
futuro auspicioso. As promessas, oriundas dos diferentes setores da sociedade,
por vezes também se fazem ouvir, mas, passado este dia de júbilo, de paz e de
esperança, infelizmente, quase tudo volta ao ponto “zero”, ou seja, tudo como
dantes, e isso não pode acontecer.
As pessoas carecem, têm direito, de saber com o
que podem contar no futuro. Ninguém deverá ter a arrogância de “publicitar fantasias”,
de ludibriar justas e legítimas expetativas, pelo contrário, quem detém o
poder, qualquer que este seja, tem a obrigação de zelar pelo bem-estar de quem
lhe está subordinado.
Neste novo ano, talvez seja acertado iniciar uma
reflexão em como e em quê, podemos melhorar os nossos princípios, valores e
sentimentos, e aplicá-los aos nossos semelhantes, eventualmente, começando por retribuir-lhes
todas as atenções percebidas ao longo do ano transato, todas as gentilezas,
todas as amabilidades e todas as palavras, gestos e apoios recebidos. Será um
bom princípio para alimentar a chama da esperança em manter sentimentos e
emoções, entretanto, “espezinhados”.
Vamos todos acreditar e contribuir para que 2016
seja, finalmente, o início de uma longa era de prosperidade, de conforto, de
esperanças renovadas, que nos podem alimentar, finalmente, a certeza de um
futuro verdadeiramente digno da condição de toda a pessoa genuinamente humana.
O passado, é isso mesmo, um pretérito que apenas
deve ser recordado para melhorarmos um presente que segundo a segundo está
connosco, mas, principalmente, para nos projetarmos com vigor, com a certeza de
que temos capacidades inatas para conquistar um futuro prometedor que
merecemos.
Queiramos acreditar que todos juntos, sem ódios
nem intenções de vinganças, embora não esquecendo os males que nos tenham
feito, iremos conseguir atingir objetivos materiais, bem como outros, de
natureza inefável, que proporcionarão, finalmente, o reconhecimento da grandeza
e dignidade humanas.
Estamos todos no mesmo “barco”, ainda que algumas
pessoas se considerem superiores, por qualquer circunstância da vida. A
verdade, porém, é que há situações que não escolhem estatutos, sexos, idades e,
numa qualquer “esquina” da vida, e do mundo, nos encontramos: umas vezes, por
cima; outras vezes por baixo e, quem hoje desfrutando de uma qualquer
supremacia e dela abusar para humilhar e perseguir quem está por baixo, amanhã
as situações podem inverter-se e então, ninguém gostará de receber as maldades
que fez a outros.
Importa, refletir, maduramente, que estamos de
passagem. Não sabemos, verdadeiramente: de onde vimos? Quem somos? Para onde
vamos? Com o nosso desaparecimento físico, talvez uma outra dimensão,
porventura, espiritual, se desvele, não perante a pessoa terreste, talvez, face
a uma Entidade Divina.
Mas enquanto o desenlace não ocorre, temos de
conviver uns com os outros, o melhor possível, porque: «O problema da convivência não é apenas uma questão de estabilidade. Se
acharmos uma solução estável no sentido de poder evitar as catástrofes da guerra
e da fome, nem mesmo assim teremos resolvido o problema. Há uma exigência tão
importante quanto essa: a de dar a todo o homem, dentro do quadro geral da
organização, um ambiente digno de seres humanos. É preciso parar com a atual
desumanização da vida.» (KERSTIN e ALFVÉN, 1969:155).
O Ano Novo de 2016, também deve ser pensado, por
muito que nos custe e faça sofrer, na situação das centenas de milhares de
migrantes, das centenas de mortes, dos milhares de crianças que estão a sofrer
autênticas desumanidades, que não têm culpa nenhuma dos desmandos dos adultos,
que nem sequer pediram para nascer, mas que continuam a ser as vítimas mais
frágeis neste mundo.
A Europa, dita civilizada, ancestralmente
defensora dos valores humanistas, onde Portugal se inclui, não pode ficar
indiferente a esta catástrofe. Cabe aos povos das nações europeias, e não só,
como também a todos os governantes, entenderem-se na resolução da situação de
quem está diminuído em quase todas as suas dimensões humanas. Haja respeito,
compreensão, solidariedade, amor benevolência, compaixão e caridade pelos
nossos irmãos migrantes.
Neste primeiro dia do ano, dia mundial da Paz,
deixo-vos sinceros votos para que este Ano Novo seja vivido com muita alegria,
felicidade, amor, serenidade e concórdia. Que, no que for possível, nos
reconciliemos, sem renunciarmos aos nossos princípios, valores, sentimentos e
emoções. Que sejamos capazes de praticar a solidariedade, a amizade, a
lealdade, sempre com humildade e gratidão, principalmente para com as pessoas
que já demonstraram estar incondicionalmente do nosso lado, para o nosso
bem-estar material e espiritual.
Bibliografia:
KERSTIN
e ALFVÉN, Hannes, (1969). Aonde Vamos? Realidade e destinos da humanidade.
Trad. Jaime Bernardes da Silva. S. Paulo: Círculo do Livro S.A.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Sócio N. 133