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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Idosos: Património Axiológico

Os idosos (ou os “velhos”, como vulgar e pejorativamente são designadas as pessoas a partir de uma certa idade, tradicionalmente, a partir dos 60/65 anos), começaram a ser marginalizados precisamente, com a institucionalização de propalados argumentos de inutilidade e, ainda mais grave, invocando-se os custos sociais que eles causam ao erário público, ignorando-se que, foram eles, no seu tempo de vida activa, com as respectivas comparticipações que alimentaram o sistema.

Os idosos, tal como as gerações que se lhes seguem, (as crianças de hoje) são o melhor património humano que um país pode ter, desde logo, se os governantes, responsáveis empresariais e de outras áreas, tiverem a inteligência e a visão estratégica de saber utilizar o imenso manancial de conhecimentos, experiências, sabedoria e prudência que a maior parte dos idosos possui, independentemente das suas culturas serem de natureza intelectualizada ou antropológica.

Desprezar o valioso contributo das pessoas que, não obstante terem entrado na recta final de suas vidas, continuam válidas, disponíveis para manterem uma boa colaboração: com a sociedade em geral; com as gerações mais novas, em particular, constitui um grave erro, para além de uma mesquinha ingratidão daqueles que, de alguma forma, detêm determinado poder de decisão.

Apoia-se, portanto, uma teoria e uma prática que privilegiem os idosos, que lhes dêem a oportunidade de passarem o testemunho de vida e de saber, em condições dignas, ao longo deste período de vida que se considera o mais característico da existência do ser humano, no qual coexistem capacidades, conhecimentos, experiências, sabedoria, prudência, valores e segurança nas convicções, onde toda uma entidade se consolidou numa postura rigorosa, severa, mas também tranquila, confiante e estimulante para as gerações vindouras.

O progresso material e a felicidade espiritual da pessoa integrada numa sociedade verdadeiramente humanista passa, imperativamente, pela consideração devida aos mais velhos e a tudo o que eles representam, com sucessos e com fracassos, porque eles são a história, a língua, a cultura, as tradições, os valores, o trabalho feito que os mais novos estão a usufruir e, se possível a melhorar.

Uma primeira abordagem poderá ser desenvolvida no sentido de atender às necessidades daqueles que, por incapacidade de qualquer natureza, ou por opção própria, não podem e/ou não querem continuar na vida activa, preferindo os cuidados médico-sociais adequados, acompanhados de uma vida de reflexão, de tranquilidade e de recordações.

A educação e formação do idoso, para nesta fase da sua vida ter as melhores condições, não só para viver com melhor qualidade de vida, como também para estar à altura de transmitir às gerações mais novas, que se lhe vão seguir, todos os conhecimentos, experiências e sabedoria, constitui uma estratégia muito interessante e de grande visão político-social, porque se acredita na sua eficácia, justamente, para o bem-estar e felicidade espiritual do idoso.

Fica-se, todavia, com uma primeira reflexão sobre a importância dos idosos e a riqueza que eles representam para o bem-estar e felicidade da humanidade, porque o património que eles carregam, fruto da educação e formação que foram adquirindo ao longo da vida, das experiências vividas e sabedoria acumulada não se pode perder.

Jogar fora, por absurdos preconceitos etários, um património tão valioso quanto inimitável, significa uma visão redutora, receosa da perda de um qualquer poder, ou de não o vir a alcançar mais cedo, porque, alegada e eventualmente, haverá um idoso no caminho da progressão de um jovem.

O Presidente da Direção da ARPCA,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo


 

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