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domingo, 8 de abril de 2012

Páscoa


Para os crentes católicos é mais um dia festivo, um dia que recorda a “Ressureição de Cristo” e com este acontecimento se fundam os valores da alegria, da reconciliação e confraternização. Na Páscoa celebra-se a vida, a renovação da esperança, eventualmente, perdida, um novo alento para enfrentarmos as dificuldades que diariamente se nos colocam, num mundo complexo, onde nem sempre prevalecem os valores da Amizade, da Solidariedade e da Paz.
«A Páscoa cristã celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu por três dias, até sua ressurreição. É o dia santo mais importante da religião cristã. Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica, que é uma das mais importantes festas do calendário judaico, celebrada por 8 dias e onde é comemorado o êxodo dos israelitas do Egito, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.» (Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1scoa, consultado em 08.04.2012)
Sabe-se que a vida humana joga-se entre o nascer e o morrer, período de duração indeterminada, durante o qual decorre toda uma existência, com episódios diversos: uns, previsíveis; outros, não, mas que todos vão contribuir para um balanço final que a própria pessoa fará, se tiver oportunidade para isso, e de que resultará a sua satisfação, maior ou menor, que permitirá um juízo ético-moral, relativamente a tudo quanto de bom, ou de mal, tenha feito, mas que, em muitas circunstâncias, não vai permitir qualquer reparação por danos causados seja a ela própria, seja a terceiros, o que, em situações graves, pode proporcionar profundo arrependimento e, eventualmente, algum desespero. O corolário lógico será, então, resolver em vida o que há para resolver e pelas vias pacíficas.
Acontece que a Páscoa nos devolve à vida pelo exemplo de Cristo que, desta forma simbólica, nos transmite uma mensagem de confiança, um incentivo para continuarmos a lutar por tudo em que acreditamos, por princípios, valores, projetos. Hoje, domingo de Páscoa, temos a possibilidade de refletir sobre o nosso passado, reavivar e implementar os nossos sonhos, aprender com os erros que cometemos e reconvertê-los em aspetos positivos.
Nesse sentido, o homem deve viver com fé, quer ao nível espiritual, quer no âmbito da sua intervenção no mundo, acreditando e demonstrando que tudo o que faz tem uma finalidade boa, um sentido concreto, um objetivo real e até altruísta, revelando-se, também, fiel aos valores e princípios. É necessário estar dotado de uma grande fé, quer para o êxito dos projetos espirituais, quer na realização dos projetos materiais.
Para os Católicos o dia de hoje está carregado de simbolismo e nos atos do culto, nomeadamente o Santo Evangelho é patente o apelo à união, à solidariedade entre os “irmãos” que, independentemente das convicções religiosas de cada pessoa, se poderá extrapolar para o mundo global em que todos estamos envolvidos.
Por isso, a passagem do Santo Evangelho para este domingo, deverá levar-nos a refletir sobre o que realmente somos, de onde vimos, o que estamos cá a fazer e para onde vamos. Estas, entre outras, são as questões que nos devem preocupar e, se for possível “endireitarmos o caminho”, então que a “Ressurreição de Cristo” nos possa servir para “Ressuscitarmos para uma nova vida”.
«Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum. Leitura dos Atos dos Apóstolos. Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, toda a gente se enchia de temor. Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam propriedades e bens e distribuíam o dinheiro por todos, conforme as necessidades de cada um. Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem uma só alma, e partiam o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava todos os dias o número dos que deviam salvar-se. Palavra do Senhor. SALMO RESPONSORIAL Salmo 117 (118), 2-4.13-15.22-24 (R. 1) Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Aclamai o Senhor, porque Ele é bom: o seu amor é para sempre.» (Disponível http://www.liturgia.pt/leccionarios/domA/1_05_A_Pascoa.pdf, consultado em 08.04.2012)
É importante, no atual contexto mundial recolocar fenómeno humano religioso no lugar que, por mérito próprio, lhe pertence, isto é, ao nível dos mais altos poderes do Estado, porque se o poder espiritual da Igreja tem servido para mediar conflitos, então, deve-se-lhe reconhecer tal influência e capacidade em tudo o que respeita, por exemplo, ao reconhecimento inequívoco, não envergonhado e o correspondente relevo temporal, em todo o cerimonial protocolar do Estado, até porque, segundo o Santo Padre, João XXIII, na Encíclica “Pacem in Terris” 1963: «Entre os direitos do homem, deve incluir-se, também a liberdade de prestar culto a Deus de acordo com os retos ditames da própria consciência, e de professar a religião, privada e publicamente.» (in BIGO & ÁVILA, 1983: 266)

É com este espírito que os Corpos Sociais da ARPCA - Associação de Reformados e Pensionistas de Caminha, CONVIDA todos os colegas associados para participarem na receção da visita pascal que se realiza no próximo dia 09 de Abril de 2012, pelas 12 horas, no Centro de Convívio de Argela (Ex-Escola Primária de Argela).
Cada Associado poderá participar, também, com alguns “miminhos” próprios deste dia, para apresentarmos uma “mesa” à boa maneira portuguesa. Não falte estimado Associado, porque só unidos venceremos as dificuldades que, diariamente, encontramos no exercício deste voluntariado. Páscoa Muito Feliz para todos.
 
Bibliografia
 
BIGO, Pierre, S.J., & ÁVILA, Fernando Bastos, S.J., (1983). Fé Cristã e Compromisso Social; Elementos para uma reflexão sobre a América Latina à luz da Doutrina Social da Igreja, 2. Edição revista e aumentada, São Paulo: Edições Paulinas.

O Presidente da Direção da ARPCA,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo


 

domingo, 1 de abril de 2012

Contextualização do Idoso

O último terço da vida humana, que se poderá situar a partir dos sessenta e cinco anos de idade, será, porventura, o mais sensível, estimulante e enriquecedor, para o próprio e para os que com ele convivem, nas diversas situações: família, ocupação, convívio, defesa de valores, convicções e boas-práticas, em diversas modalidades.
Na verdade, é legítimo, justo e de direito que aos sessenta e cinco anos, o cidadão que, durante décadas se sujeitou ao exercício de uma atividade profissional, cumprindo inúmeras regras, desde logo, horários rigorosos, submetendo-se às mais diversas e difíceis situações hierárquico-funcionais, possa desligar-se dessa atividade, por via de uma reforma compensadora, que lhe permita uma vida confortável, extensivamente àqueles que, de alguma forma, dele dependem, porque para isso já investiu, coercivamente, pelas contribuições que pagou, ao longo do período ativo produtivo.
O cidadão, que reunindo os requisitos legais para a aposentação, está no seu direito de a requerer e de lhe ser atribuída mas, querendo, poderá (e, para bem da sua saúde, até deverá) continuar a trabalhar na mesma atividade, empresa/instituição em condições que, certamente, devem ser acordadas com a entidade patronal, incluindo um novo salário e outros benefícios sociais.
Uma outra alternativa, seguramente, se colocará ao cidadão idoso, terminado que seja o seu percurso profissional e passando à situação de reforma. Com efeito, o reformado, enquanto se considerar válido e pretender manter-se útil à sociedade, deve usufruir de outras e novas oportunidades de trabalho, justamente, em domínios que conhece, que gostaria de realizar e que pode, igualmente, ser produtivo, destacando-se aqui, algum género de voluntariado.
A opção por retomar uma atividade que teria sido interrompida, prosseguir na mesma profissão que exerceu durante o período normal de trabalho, ou iniciar uma nova ocupação, deve ser livremente tomada, sem constrangimentos, nem imposições legais, inibidoras de o fazer e sem a necessidade que o obrigue a continuar a trabalhar.
As oportunidades para o prosseguimento de uma vida ativa, a todos os níveis, devem ser garantidas aos idosos logo no início desta fase das suas vidas, o que pressupõe alterações profundas nas mentalidades, ainda preconceituosas, sobre o juízo que fazem, acerca da utilidade/inutilidade destes novos colaboradores.
Há toda uma educação que é necessário transmitir, não só aos próprios idosos, como a todos aqueles que integram a sociedade, dita ativa, no sentido: da inclusão dos mais velhos na resolução dos problemas da humanidade; no enriquecimento dos cidadãos; no aproveitamento de todas as capacidades disponíveis desta nova faixa etária, cada vez mais numerosa e marginalizada, principalmente aqueles que se integravam nos escalões sociais médio-baixos e baixos, porque os restantes, aqueles que durante a vida ativa se posicionaram na denominada classe alta, por via dos rendimentos, estatuto social, habilitações, ocupação, intervenção política e outros processos de ascensão social, não terão dificuldades em conseguirem novos postos de trabalho e muito rentáveis.
Em geral: «O processo de envelhecimento confronta-se com os mitos e crenças pessoais e sociais de que nesta idade madura, as pessoas são incapazes de aprender, de desenvolver qualquer tipo de trabalho convincente e útil, de ter opções válidas sobre o que querem e igualmente incapazes de se adaptarem às novas formas de vida, a que chamam de actualidade.» (SALDIDA, 2004:108)
O estigma paradigmático, que recai sobre esta numerosa população, deve ser desmontado, rapidamente, sob pena de se perder a própria memória coletiva que une todo um povo, pelo menos na história, na língua, na cultura e nos valores.
 Desprezar o valioso contributo das pessoas que, não obstante terem entrado na reta final de suas vidas físico-biológicas, continuam válidas, disponíveis para manterem uma boa colaboração: com a sociedade em geral; com as gerações mais novas, em particular, constitui um grave erro, para além de uma mesquinha ingratidão daqueles que, de alguma forma, detêm determinado poder de decisão.
Defende-se aqui a teoria contrária, a que se adequa aos novos tempos, caraterizados por uma crescente desestruturação da família, com a brutal redução da taxa de natalidade e o aumento da esperança de vida, com um Saber-ser e um Saber-estar cada vez mais artificias, inseguros e inexperientes.
Apoia-se, portanto, uma teoria e uma prática que privilegiem os idosos, que lhes dêem a oportunidade de passarem o testemunho de vida e de saber, em condições dignas, ao longo deste período de vida, que se considera o mais caraterístico da vida do ser humano, no qual coexistem capacidades, conhecimentos, experiências, sabedoria, prudência, valores e segurança nas convicções, onde toda uma existência se consolidou numa postura rigorosa, severa, mas também tranquila, confiante e estimulante para as gerações vindouras.
Isto mesmo, ou seja, o elevado apreço pelos mais velhos ainda se verifica em determinadas situações, por exemplo: «Em algumas sociedades de pequena escala o significado da idade é exatamente o inverso, é sinónimo de experiência, de sabedoria. São os velhos que formam o conselho máximo da tribo, do clã. Os tempos mudaram, hoje se diz que a antiguidade não é posto. No entanto, no sistema de remuneração de algumas empresas, ainda predomina o tempo de serviço, como um critério de melhoria salarial e funcional.» (MELLO, 2000:308).

Bibliografia

MELLO Luiz Gonzaga de, (1980) Antropologia Cultural: Iniciação, Teoria e Temas, 7ª Ed. Petrópolis: Vozes
SALDIDA, Isabel. (2004). “Envelhecimento, a Vida sem Trabalho e o Direito à Escola”. In Integrar, Lisboa: Instituto do Emprego e Formação Profissional, Nº Especial, 2003-2004. Pp.107-110

O Presidente da Direção da ARPCA,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo