A
sociedade portuguesa, tal como outras de países em dificuldades económicas,
políticas, sociais axiológicas, vem atravessando um período muito conturbado,
caracterizado por alguma descrença em certas classes sócio-culturais,
político-profissionais e financeiras, que, por sua vez, influenciam
instituições que devem ser o garante do rigor, da verdade, da segurança e da
democracia, num Estado de Direito, justo e respeitador dos mais elementares
direitos humanos e, consequentemente, da dignidade de toda a pessoa humana.
Os
portugueses não têm muitos motivos para estarem alegres, felizes e motivados
para tirar o país dos labirintos em que por vezes está envolvido, mas também
sabem que ao longo da sua História, quase milenar, têm conseguido ultrapassar
situações muito difíceis, vencer obstáculos, praticamente intransponíveis e
continuar em frente, rumo a um “porto
seguro” que proporcione, finalmente, um futuro promissor de: mais
igualdade, justiça, segurança e felicidade para todos.
O
Natal é, por excelência, a festa da família, na circunstância, da maioria das
famílias portuguesas, na qual todos os membros devem ser cuidados da mesma
maneira, com idênticos critérios de: solidariedade, amizade e lealdade;
distribuição equitativa da riqueza nacional; exigência proporcional do
cumprimento dos deveres e usufruição dos correspondentes direitos porque, como
é da mais elementar justiça, também não se pode tratar de igual modo o que é
desigual, ressalvando-se, todavia, o imperativo de uma atenção muito especial
aos mais desfavorecidos, carenciados e fragilizados.
O
Natal Português, não pode ser tempo para arremessos de nenhuma natureza; a
infelicidade de uns, não pode ser oportunisticamente aproveitada por outros,
para se “elevarem”, para tentarem demonstrar que são impolutos, que estão acima
de qualquer suspeita e que os seus “telhados
não têm telhas de vidro”, mas pelo contrário, esta quadra, que se deseja
festiva, de grande fraternidade, deve ser utilizada, precisamente, para se
implementar mais concórdia, mais tolerância, e até mesmo, mais compaixão.
Nesta
primeira metade da segunda década (2014), do século XXI: é tempo de reflexão,
de análises desapaixonadas e de perdão; é tempo da família portuguesa estar
unida, comungando dos valores que irradiam dos três grandes pilares da
civilização ocidental, onde nos integramos: Democracia, Direito e Cristianismo,
e não temos que nos envergonhar destes grandes, quanto importantes valores; é
tempo de mostrarmos a nossa grandeza histórica, cultural, linguística e
civilizacional, sem cairmos em nenhuma espécie de etnocentrismo, muito menos na
xenofobia que dilacera muitos povos. Somos Humanistas, sem dúvida alguma.
É
sabido que a família portuguesa enfrenta graves e complexos problemas:
desemprego, ainda muito elevado; cerca de trinta por cento das crianças no
limiar da pobreza; idosos, reformados e pensionistas com cortes substanciais e
injustos nos seus rendimentos; funcionários públicos com carreiras
profissionais bloqueadas e cortes salariais significativos e muitos daqueles
trabalhadores do Estado a caminho do desemprego; professores sem perspetivas de
colocação e estabilidade; educação, formação e saúde com reduções elevadas nos
respetivos orçamentos; trabalhadores do setor privado com os empregos instáveis
e precários; aumentos brutais nos impostos e, finalmente, a fome que atinge
milhares de pessoas.
Certamente
que os vários especialistas, nas diversas matérias e setores da economia e do
sistema financeiro, muito mais teriam a escrever e com total e rigoroso
conhecimento, mas basta-nos a informação que todos os dias é veiculada e
debatida pelos diferentes órgãos da comunicação social, assim como por
instituições credíveis, estudos científicos e estatísticas, para reconhecermos
que a situação portuguesa é preocupante e, por isso mesmo, este ainda não será
o Natal que os portugueses desejam e merecem ter.
Mesmo
correndo o risco de invocar um “lugar-comum”,
a verdade é que nesta sociedade, dita moderna, civilizada, tecnológica e
cientificamente muito avançada, onde muito “boa-gente”
pretende passar uma imagem de esmerada educação, irrepreensível gentileza,
“impecáveis” relações sociais e todo um outro conjunto de sofisticados
comportamentos, o que realmente se constata, um pouco por todo o lado, é que se
vive na preocupação das aparências, com atitudes supérfluas, vazias de valores
humanistas e sentimentos puros.
Evidentemente
que abandonarmo-nos ao desânimo, à descrença e à negação das nossas próprias
capacidades, princípios, valores, sentimentos e emoções, deixando de lutar por
uma sociedade melhor: justa, promissora, confortável, próspera e feliz, seria o
comportamento mais inadequado e contrário às nossas tradições, capacidades e
objetivos, porque a família portuguesa, em qualquer canto do mundo, sempre
soube erguer-se e mostrar que é capaz de vencer, mesmo nas circunstâncias mais
adversas.
Encarando,
portanto, o futuro com otimismo, a família portuguesa possui competências
inexcedíveis para encetar o caminho da recuperação económico-financeira, reformular
os projetos sócio-culturais e retomar iniciativas, entretanto suspensas e/ou
canceladas, em setores de vital importância como a educação, formação
profissional, iniciativa Novas Oportunidades através do Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, construção
pública e o reforço da cooperação lusófona, justamente com a CPLP – Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa, evidentemente em consonância com os grandes
desígnios da União Europeia.
É crível, também desejável, que
os mais altos e legítimos representantes dos diferentes Órgãos de Soberania,
presenteiem a família portuguesa, por ocasião da quadra natalícia, com as
notícias resultantes das medidas legais e instrumentais que todos pretendemos e
merecemos, para podermos enfrentar o futuro com sucesso, tranquilidade e
autoestima, porque assim seremos capazes de ultrapassar as dificuldades que nos
atormentam, e garantir um futuro bem melhor para as gerações vindouras, afinal,
para os nossos descendentes e, igualmente, para os nossos progenitores que, no
meio de tantas dificuldades, ainda sobrevivem.
Seguramente que o dever pela
condução da família portuguesa a bom porto é de todos os cidadãos, cada um com
a sua quota-parte, com os seus conhecimentos, disponibilidade e determinação
porque, afinal, se não formos solidários, se não respeitarmos os direitos dos
nossos semelhantes, se não cumprirmos com as nossas obrigações, não teremos a
mínima autoridade moral para criticar, exigir e “atacar” quem tem a responsabilidades governativas, a qualquer nível
do poder: político, empresarial, social, religioso e de informação.
É
fundamental que este Natal seja um ponto de chegada, do fim dos sacrifícios que
a família portuguesa vem fazendo nos últimos anos, sem que para a situação que
lhes deram origem seja da responsabilidade do cidadão comum – trabalhador,
desempregado, jovem idoso, mulher ou homem; mas também é essencial que este
Natal seja o ponto de partida para um Portugal mais: dinâmico, justo,
equilibrado, onde as discriminações negativas em função de faixas etárias
deixem de ser um estigma; onde não se coloquem trabalhadores contra
trabalhadores; gerações contra gerações, em suma, um Portugal onde o Estado de
Direito Democrático seja uma referência universal.
A
família portuguesa tem deveres e direitos, é certo, todavia, por vezes, somos
tentados a pensar que os primeiros – deveres -, são em muito maior número e de
elevada gravidade, em relação aos segundos, de resto, até se verifica,
periodicamente, quando se reivindicam certos direitos, o cidadão não saber
explicar-se ou ser mal interpretado, acabando por não os usufruir e daqui
resultarem perdas irreparáveis.
Neste
Natal de 2014 temos a obrigação de acreditar num futuro melhor, é nosso dever “lutarmos” para conseguirmos tudo a que
justa e legalmente temos direito, é tempo de exigir a todos, em quem confiamos,
que cumpram a palavra dada, que assumam os compromissos firmados com os
cidadãos, que reponham direitos que, abusivamente, foram retirados a quem
trabalhou uma vida inteira, com sacrifícios, com poupanças, para hoje ter a sua
casinha, o seu rendimento, o minimamente necessário para adquirir a medicação e
os demais meios de manutenção da saúde desejável.
Neste
Natal de 2014, temos o dever de acreditar que é possível um futuro mais
auspicioso para os nossos deficientes, jovens, desempregados, idosos, porque
todos fazem parte desta família portuguesa, porque todos merecem a mesma
estima, consideração e respeito por parte de quem tem responsabilidades
legislativas, executivas e judiciais, empresariais, económicas e financeiras.
Que
este Natal de 2014 seja, de facto, o último Natal de sacrifícios, de
austeridade cega, de injustiças inaceitáveis, e um novo ciclo para as famílias
portuguesas se inicie, rumo ao progresso, à solidariedade, à fraternidade, à
paz e à felicidade, para todas as pessoas, sem quaisquer discriminações.
Nesta
quadra natalícia, esqueçamos o que nos divide e agreguemos o que nos une, para
construirmos uma sociedade mais: solidária, fraterna, leal, justa, desenvolvida
material, espiritual e culturalmente. Sem abdicarmos dos nossos princípios,
valores, sentimentos e emoções; sem esquecermos o passado, com: virtudes e
vícios; altruísmos e egoísmos; alegrias e tristezas; saúde e doença; felicidade
e infortúnio; ofensas e elogios, olhemos o futuro com esperança, com o sentido
do perdão, com a reconciliação que todos teremos de fazer, num qualquer
contexto e momento das nossas vidas.
O
Natal, festa da Família, também simboliza: concórdia, confraternização,
liberdade, paz, ventura e a garantia da proteção Divina. Desejo um Santo e
Feliz Natal. Um Ano Novo repleto de alegria. Peço, para que todas as pessoas em
2015 e todos os anos que se lhe seguirem, consigam realizar os seus principais
projetos de vida. Manifesto, reiteradamente, o meu agradecimento a todas as
pessoas que ao longo da minha vida me têm ajudado, que são minhas verdadeiras
amigas, que me acompanham no dia-a-dia das minhas atividades, desde logo à
minha família. Não esqueço as/os minhas/meus leitoras/res.
De forma totalmente pessoal, sincera e muito sentida, desejo a todas as pessoas
que, verdadeiramente, com solidariedade, amizade, lealdade e cumplicidade me
têm acompanhado, através dos meus escritos, um Santo e Feliz Natal, próspero
Ano Novo e que 2015 e muitas dezenas de anos que se seguem, lhes proporcionem o
que de melhor possa existir, e que na minha perspetiva são: Saúde, Trabalho,
Amizade/Amor, Felicidade, Justiça, Paz e a Graça Divina. A todas estas pessoas
aqui fica, publicamente e sem reservas, a minha imensa GRATIDÃO.
Finalmente, a todos os associados da ARPCA - Associação dos Reformados e Pensionistas de Caminha, suas famílias e pessoas das suas melhores relações, aqui ficam os votos reiterados, dos Corpos Sociais, para que tudo de bom na vida vos aconteça. Santo e Feliz Natal. Alegre Ano Novo. Abraço.
O Presidente
da Direção,
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
925 935 946
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