Elaborar um conceito,
uma caracterização ou estabelecer o paradigma de “Cidadania Solidária Luso-Brasileira”, em função de um novo perfil
de cidadão democrático Luso-Brasileiro, para o presente século, é tarefa
complexa para se realizar, até porque, antes e depois deste trabalho, muitos
investigadores, teóricos, pragmáticos e autodidatas se preocupam com o tema e,
no futuro, novos e melhores trabalhos surgirão, sem qualquer dúvida.
O novo cidadão iniciará a sua formação nos valores
éticos inerentes ao respeito pelos direitos e deveres que a cada indivíduo
assistem. Na circunstância, os cidadãos que desde há mais de quinhentos anos se
desejam como irmãos, embora nem sempre tal ambição se tenha concretizado em
pleno, buscam, uma vez mais, a realização absoluta deste sonho e, justamente,
as excelentes relações político-diplomáticas, empresariais e culturais,
parecem, finalmente, ajudar a alcançar este objetivo primordial. Por isso, é
essencial defender uma conduta ética correta, sem ambiguidades, sem tibiezas,
desde logo nos domínios políticos, culturais, educacionais, cooperação e
negócios.
Caminha-se para a introdução de profundas mudanças
na sociedade mundial. As transformações decorrentes das novas tecnologias: a
globalização económica, comercial, industrial e monetária é um dado adquirido;
o avanço científico, os problemas ambientais, as tentativas para estabelecer
uma nova ordem internacional que, do ponto de vista de algumas potências, pode
perverter valores civilizacionais e comprometer o próprio direito
internacional, constituem realidades para as quais o novo cidadão se deve
consciencializar.
Por outro lado, situações de grande
conflitualidade regional, em vários pontos do globo, que afetam, direta ou
indiretamente, todas as nações do Mundo, estão a dificultar os esforços
desenvolvidos aos mais altos níveis políticos e religiosos, para o
restabelecimento de uma paz mundial.
O cidadão cuja estrutura se tem vindo a tentar
descrever insere-se já, neste novo mundo e as suas necessidades de adaptação
são diferentes daquelas que sentiram os seus antepassados. Cumpre dar
satisfação a tais carências, fundamentalmente através da educação, até porque o
papel da família, continuando a ser importante, não é suficiente, na medida em
que, também neste agente socializador que ela representa, muitas tem sido as
alterações.
Reconhece-se que a própria constituição da família
já não obedece aos processos tradicionais, a duração do matrimónio clássico é
cada vez menor, por razões que se prendem, de entre outras, com projetos
profissionais, com um reforço das autonomias individuais, atividades diversas:
associativismo, política, entre outras, e com uma partilha exigida de tarefas
domésticas, em alguns casais. O papel da família na educação tradicional que no
seu seio era desenvolvido, perdeu muito da sua influência e eficácia.
O processo de
formação para a cidadania desenvolve-se livremente nas sociedades democráticas,
onde os cidadãos, independentemente da idade e estatuto, recebem a preparação
adequada para poderem intervir, consciente e eficazmente, nas suas comunidades,
com solidariedade e compreensão
Muito embora se reconheça maior ou menor
dificuldade, conforme a idade e a disponibilidade das pessoas, para receber
formação cívica, bem como a atitude de resistência à mudança e a tudo o que é
novo, é possível defender que a construção da cidadania passa pelo empenho de
jovens e adultos, e para que a motivação não falte é necessário investir em
recursos técnicos e humanos, que facilitem não só a aprendizagem mas que
sensibilizem as pessoas para a fruição deste valor cívico-democrático, tão
importante no desenvolvimento e relacionamento social.
O cidadão “luso-brasileiro” que é preferido, no que
respeita à construção da cidadania, numa sociedade democrática, poderá não ter
idade adulta, condição que não incomoda, porque não é só dos mais idosos, mas
também, e cada vez mais, dos jovens que surgem contributos riquíssimos no
aperfeiçoamento de ideias, de práticas e dos correspondentes resultados.
A cidadania moderna não se confina (ou não deveria
circunscrever-se) a um território, a uma Constituição, a uma cultura, história
e etnia. A cidadania que se defende, mais tarde ou mais cedo, deverá caminhar
para uma maior abrangência e integração dos cidadãos, seja numa sociedade mais
alargada, numa comunidade local, numa instituição, num grupo, qualquer que seja
a sua localização geográfica, apenas se observando as leis específicas de cada
país. Cidadania Solidária.
O mundo é de todos e não é de ninguém. Cada um nasceu
num local que não escolheu previamente, por isso deveria poder optar por
quaisquer outros espaços para viver, trabalhar e exercer os seus direitos e
deveres de cidadão universal, sem restrições artificiais impostas pelo homem.
O primeiro contributo para a cidadania lusófona
cabe pois a este cidadão “luso-brasileiro” que ao longo deste trabalho se tem
vindo a idealizar. Um cidadão que jamais perca o rumo da democracia, da
cidadania lusófona e que se prepare com entusiasmo, convicção e firmeza para o futuro
próximo. O cidadão que todos desejam ser, mas que para alguns se tornará mais
difícil se se deixarem comandar por certo tipo de saudosismos, de nostalgias
“patrióticas”, de pseudo-supremacia colonialista e rácica.
O novo cidadão que já está sendo formado nos
valores da democracia e da cidadania, a vários níveis dos sistemas educativos e
da formação profissional, tem o direito de beneficiar do apoio, da compreensão
e da solidariedade dos mais experientes, daqueles que tiveram na sua vida de se
confrontar com um regime ditatorial e agora com o regime democrático, que por
isso mesmo estão melhor preparados para ajudarem nesta tarefa supranacional da
construção da cidadania e consolidação da democracia.
O Presidente da Direção,
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
925 935 946
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