A humanidade, na sua esmagadora maioria, (oiça-se
o que dizem as grandes religiões mundiais) acredita numa outra vida, a partir
de diversos sinais, que procura interpretar, relacionando-os com factos e
acontecimentos individuais e/ou coletivos, ouvindo as opiniões das gerações
mais velhas, interiorizando situações pessoais e/ou conhecidas, já vivenciadas,
com alegria ou tristeza, com prazer ou sofrimento e para as quais não encontrou
explicação científica, técnica, objetiva e concreta.
A ausência de respostas, construídas a partir de
hipóteses, validadas pela ciência, com certificação quantitativa dos respetivos
resultados e/ou axiomas e operacionalizadas pela técnica, facilita a busca por
outros métodos, outras técnicas, agora no plano da metafísica, onde a
manipulação instrumental do conhecimento científico e técnico, ainda não
conseguiu penetrar.
As ciências ditas positivas, exatas, rigorosas,
objetivas e todos os demais qualificativos que as caracterizam, permanecem
neste novo patamar, qual limiar do infinito e da eternidade sem, por enquanto,
nada poderem fazer, sem infringirem paradigmas técnico-científicos.
Nesta imensa amplitude e diversidade em que se
movimenta a humanidade: entre as dimensões física e a espiritual; entre a
pessoa material e o ente imaterial; entre os factos e as situações concretas,
identificáveis e quantificáveis e os acontecimentos inexplicáveis, que afetam o
bem-estar físico-material do indivíduo; entre as ciências, técnicas e
tecnologias, que estudam a dimensão física, as práticas e rituais esotéricos e
intimistas, que analisam a dimensão imaterial; surge uma alternativa,
intermédia, conciliadora e estimulante para tentar enfrentar, compreender e
amenizar certas situações que provocam, periodicamente, um certo mal-estar
interior, quase sempre inexplicável, pelo menos à luz do senso-comum: A
FILOSOFIA.
Analisando a história da humanidade, pelo menos
nos últimos dois mil anos, é relativamente fácil, sem necessidade de se
recorrer à recolha de elementos estatísticos quantitativos, verificar-se que o
modo de vida do homem, quando, predominantemente, suportado no conhecimento
positivista, ainda não atingiu a harmonia e o bem-estar geral, pese embora todo
o arsenal de equipamentos, instrumentos técnicos e científicos, as facilidades
de acesso a novos conhecimentos, porque o mesmo homem, praticamente, ilimitado
nas suas capacidades, tem vindo a ignorar outras práticas, bem mais simples,
relacionadas aos comportamentos característicos do bom senso, da sabedoria, da
prudência, da tranquilidade e de alguns dos valores imateriais absolutos: paz,
justiça, honra, respeito, dignidade.
O homem moderno envergonha-se das suas origens
racionais, no sentido de valorizar toda uma cultura milenar, porque tal
racionalidade e cultura eram património, então, quase exclusivo, do saber
filosófico. Ser filósofo, num contexto materialista, é sinónimo de fraqueza, de
utopia, de pobreza material e motivo de ataque por parte de alguns
técnico-positivistas e/ou de diversos cientistas, pretensos defensores da
humanidade, com a agravante de beneficiarem do apoio de muitos governantes e
até das próprias famílias.
Refletir, profundamente, na misteriosa existência
do ser humano, e tentar descobrir os melhores processos para que haja,
finalmente, bem-estar para todos, significa conjugar todas as sinergias,
conhecimentos, práticas e boas-vontades. O homem vive circundado por imensas
realidades, ele próprio uma realidade, talvez das mais complexas. Conhecer as
várias realidades não é objeto de uma só disciplina, por mais cientificamente
objetiva, rigorosa e quantificada que ela seja ou por muita subjetividade que
se lhe queira imputar e, consequentemente, descredibilizá-la.
A realidade
circundante é constituída de múltiplas naturezas: física, metafísica, inefável,
espiritual e sabe-se lá quantas outras. Considerada esta pluralidade de
naturezas, que integram a realidade global que rodeia o homem, que se pode
denominar por universo, do qual faz parte o planeta Terra, onde habita toda uma
humanidade complexa, certamente que a Filosofia não poderá ter a pretensão de
tudo saber, tudo esclarecer, tudo conduzir e resolver.
Quanto maior for o
sucesso dos cidadãos individuais, mais aumentam as possibilidades da comunidade
em geral para alcançar idêntico êxito, e o correspondente bem-estar. Para que
tais objetivos sejam alcançados é necessário criar um espírito de
competitividade, uma filosofia para o sucesso, o mais cedo possível, na vida de
cada pessoa, desejavelmente, na idade escolar. Educar e formar para a filosofia
do sucesso pode constituir um bom princípio para percorrer o caminho do
bem-estar, obviamente sem atropelar idênticos direitos e estratégias dos seus
semelhantes.
A Filosofia também tem
uma extensíssima dimensão prática. Nem outra condição seria de esperar, na
medida em que é através da reflexão, da criatividade, de ideias originais, de
teorias, mais ou menos consistentes, que se constrói o mundo abstrato e
artificial em que a humanidade vive, se buscam as condições máximas para o
bem-estar geral e material, mas também individual e interior.
O projeto de vida que
incorpore as dimensões: científica, técnica, profissional, filosófica e
religiosa, provavelmente, terá as melhores condições possíveis para o sucesso
material e espiritual ou interior, pensando-se que não será fácil a uma pessoa
sentir-se realizada, (feliz?), apenas na vertente material; o contrário também
se aceita como possível (mesmo indo contra um certo romantismo, defensor da
pobreza digna e honesta). O sucesso e os bens materiais não são inimigos, nem
incompatíveis com os valores morais, éticos e religiosos, nem tão pouco com uma
vida simplificada, humilde e despida de preconceitos.
Aliás, o que seria
desejável é que o homem se realizasse integralmente nas suas duas principais
dimensões: física e espiritual. Nessa perspetiva, as famílias e as outras
instituições – escola, Igreja, comunidade, empresas, Estado, comunicação social
– têm uma função primordial na educação das crianças, jovens e adultos, (e até
nos idosos) para uma filosofia do desenvolvimento, do progresso e do bem-estar,
assente no estudo, no trabalho e na economia, esta, por via da poupança.
Governantes e
governados, empresários e trabalhadores, professores e alunos, religiosos e
crentes, todos serão envolvidos numa filosofia de vida direcionada para o
desenvolvimento de melhores condições de bem-estar individual e coletivo.
A existência e
manutenção de certos preconceitos, estatutos sociais e outros; excessivos
egoísmos e ilimitadas ambições, certamente que prejudicam qualquer programa de
desenvolvimento pessoal e comunitário, sendo igualmente verdade que o homem, na
sua passagem física pela Terra, tem o dever de deixar a sua marca humanista,
solidária, altruísta e progressivamente ao serviço de toda a humanidade.
O processo de
desenvolvimento passa, necessariamente, pela rápida aproximação entre ricos e
pobres, pela inclusão dos povos, pela livre circulação e estabelecimento das
pessoas, num espaço interplanetário que a todos foi concedido, sem privilégios
para ninguém.
Se muito se deve à
ciência e à técnica, quanto ao desenvolvimento, ao progresso e a um certo e
relativo bem-estar material da humanidade, sem dúvida necessários à própria
condição humana, e até à própria dignidade de cada pessoa, da mesma forma se
pode atribuir à Filosofia uma função nada desprezível, desde logo na disciplina
do pensamento rigoroso, ordenado e triunfador do homem. Por isso é tão
importante na construção do projeto de vida, esta componente do conhecimento
reflexivo que, justamente, bem conduzido, contribui para o bem-estar individual
e coletivo.
A racionalidade do
projeto de vida, obviamente, considera todos os elementos e recursos
intervenientes nesse projeto, e a sua construção e decisão de implementação
exigem a convocação e integração da ciência, da técnica e da Filosofia, entre
outras áreas das ciências sociais e humanas, no limite, a participação das
Ciências Sociais e Humanas.
E se: por um lado, sem
quaisquer preconceitos, nem complexos, há quem condene, nestes tempos modernos,
um novo valor, ou uma nova e fortíssima dinâmica, que se alastra por todo o
mundo, e que para já se convencionou designar por globalização, por enquanto, nos domínios da ciência, da tecnologia,
do comércio, do capital, do conhecimento e da informação; por outro lado, ainda
não se aceita, como parte interessada no sucesso do projeto de vida e de
desenvolvimento dos cidadãos, individualmente considerados e das comunidades no
seu todo, o contributo da Filosofia, apesar de Ciência, Tecnologia,
Globalização e Filosofia não serem incompatíveis, bem pelo contrário, podem
complementar-se.
O Presidente da Direção,
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
925 935 946
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