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domingo, 11 de março de 2012

A Força da Prudência na Vida-Boa

Idealizar um projeto de vida perfeito é um exercício que não está acessível ao ser humano, desde logo porque a incógnita quanto ao futuro mantém-se angustiantemente em cada indivíduo, por muitas capacidades, competências e tecnologias que possua, além de que, a ciência a este respeito também não tem condições objetivas para se pronunciar.
Esta limitação, aparentemente inultrapassável, não constitui obstáculo intransponível sob o ponto de vista das perspectivas que cada pessoa aguarda da vida, atentas as condicionantes existentes, as incertezas e a finitude esperada para cada percurso, apostando-se na esperança de vida e nas variáveis que, de alguma forma, se podem alterar por iniciativa do próprio ser humano.
A pessoa humana enquanto tal, entre outros aspectos, distingue-se do resto da natureza animal, precisamente por ter horizontes de vida que lhe permitem projetar-se no futuro, e elaborar os respectivos planos, projectos, estratégias e esperar os resultados, igualmente calculados para um máximo de êxito e um mínimo de insucesso. Planificar o futuro exige muita prudência, sob pena de ter que enfrentar situações indesejáveis e, eventualmente, dramáticas.
É fundamental saber organizar a vida com bom senso, o que implica muita preparação, tendo em conta as diversas dificuldades de implementação e desenvolvimento do projeto de vida que se deseja, considerando que outras pessoas terão projectos idênticos, logo, concorrenciais.
É essencial ter bem presente que, em nenhuma circunstância, a vida será sempre agradável, fácil e permanentemente em ascendência, aliás, a regularidade, sincronia e monotonia poderiam ser prejudiciais ao próprio aperfeiçoamento da personalidade humana.
A organização é uma arma poderosíssima para se ultrapassar situações difíceis e/ou imprevisíveis. A capacidade para organizar e implementar um novo projeto poderá ser a diferença entre o sucesso e o fracasso porque: “O que torna a vida agradável é a diversidade do conhecimento. Para uma vida bela gaste a primeira etapa conversando com os mortos: nascemos para saber e conhecer a nós mesmos. (…) Passe a segunda etapa com os vivos: veja e registre tudo o que há de bom no mundo. (…) A terceira etapa da vida pertence inteiramente a você: filosofar é o prazer mais elevado de todos.” (GRACÍAN, 2006:113).
Com efeito, prudência e bom-senso implicam reflexão, tranquilidade, conhecimento, experiência, boas-práticas, tolerância e muita paciência, com uma grande dose de boa-vontade e força para prosseguir pelos caminhos da retidão, da nobreza e da compreensão pela posição do seu semelhante.
Algumas regras passam por organizar a vida com prudência e bom-senso, incluir no respetivo projeto a dimensão religiosa do homem, valores e princípios espirituais que, por um lado, satisfaçam as necessidades mais profundas e universais, como manter uma consciência tranquila, simples e alegre; por outro lado, contribuir para o sucesso global da pessoa, cujo aspeto principal configura uma realização sublime, ao nível da superior condição do homem, criado à imagem e semelhança do seu Deus Criador.
O sucesso construído a partir dos valores espirituais é duradouro, consolidado e único. Aparentemente muitas pessoas se consideram de sucesso na vida profissional, com elevado estatuto sócio-financeiro, porém, é possível que não se sintam totalmente realizadas, porque lhes falta alcançar o sucesso espiritual e, na verdade: “Achamos que sucesso é o mesmo que dinheiro, segurança e prestígio. Não compreendemos que o verdadeiro sucesso está na satisfação das nossas necessidades espirituais. Poucas pessoas atingem o verdadeiro sucesso porque estão perdidas, a correr de um lado para o outro, no aeroporto do sucesso material.” (BUCKINGHAM, 1995:20)
A prudência individual, apesar de necessária para uma vida boa, pode, ainda assim, não ser suficiente se os demais indivíduos não tiverem idêntica preocupação. Um pouco à semelhança de muitas outras situações, em que não basta o contributo de uma única pessoa, também na obtenção do sucesso é importante, se não mesmo essencial e decisiva, a participação da família, do grupo, da comunidade e da sociedade internacional.
Em todas as dimensões da vida humana, acentuando, naturalmente, mais as vertentes específicas para cada percurso, em conformidade com os projectos e objetivos que se pretendem alcançar, algumas grandezas devem estar presentes e sempre ativadas, concretamente: religiosa, social, educativa, laboral, política, económica, comunicacional, comunitária, cooperação universal, entre outras possíveis. A pessoa humana não consegue sobreviver com dignidade e conforto, isolada dos seus semelhantes. A prudência para uma vida boa aconselha abertura a Deus, aos homens e ao mundo.

Bibliografia

BUCKINGHAM, Jamie, (1995). Força para Viver, 2ª. Ed., Espanha (S.P), Resina de Almeida
GRACIÁN, Baltasar. (2006). A Arte da Prudência. Trad. Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret

O Presidente da Direção da ARPCA,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo