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domingo, 15 de março de 2015

Pai: uma Bênção Divina


Há datas que se comemoram, com mais ou menos ênfase, certamente, em função de vários parâmetros: familiares, culturais, sociais, institucionais, religiosos, políticos, bélicos, entre outros, sem dúvida, mas muitas são as razões, boas ou más, para se recordar um acontecimento, enaltecer uma situação, experienciar um facto importante, enfim, reviver e praticar toda uma simbologia, que nos alerta para determinados princípios, valores e sentimentos.

Praticamente, cada dia do ano, nos contextos pessoal, local, nacional, internacional e mundial, é alusivo a um evento, mais ou menos significativo, que se comemora, com a desejável adequação à respetiva importância desse facto, sabendo-se que, muitos desses dias são vividos com o maior ou menor entusiasmo e intensidade e, também, quantas vezes, com grande eloquência. O “Dia do Pai”, que habitualmente se celebra no dia dezanove de março, pode-se incluir num desses êxitos, que deveria ser festejado com alegria e responsabilidade.

É muito interessante festejar-se o “Dia do Pai”, quer para os filhos, quer para o pai e, em muitas situações, até existe um excelente relacionamento entre eles, de tal forma que várias são as formas de engrandecer o progenitor desde: oferecer-lhe prendas; confraternizar com um bom lanche; uma viagem em conjunto, enfim, o que se pode, e o que o pai gosta, sendo que também há muitas outras situações que nem sequer um abraço se troca, entre os filhos e o pai.

O “Dia do Pai”, que ocorre uma vez por ano, mas que deveria acontecer todos os dias, é um pequeno período, de vinte e quatro horas, para se refletir nos papéis de um e de outros, ou seja: que responsabilidade tem o pai perante os seus filhos; e estes que deveres e direitos têm em relação àquele, porque, em boa verdade, ambas as partes têm compromissos: legais, legítimos e morais a cumprirem ao longo da vida.

Ninguém, minimamente responsável, ignora as principais funções de um pai, independentemente de estar, ou não, integrado na família nuclear: pai, mãe e filhos. Ser pai, para demonstrar à sociedade que já se é “homem”, parece muito pouco e em nada dignifica quem assim pensa e procede, porque nenhum filho “pede para nascer” e, muito menos, escolhe os seus pais.

O pai, afinal, tal como a mãe, não pode, nem deve, desconhecer que ao ser-lhe atribuído este estatuto sublime, tem para o resto da sua existência, uma responsabilidade imensa, que se reparte por diversas preocupações nos domínios dos: afetos, amor, saúde, alimentação, agasalho, educação, formação, instrução para a vida e, já depois do filho estar razoavelmente preparado, para enfrentar o mundo, continuar a apoiá-lo e a defende-lo.

Ser pai, de verdade, com tudo que tal estatuto implica, não é nada fácil, por muito “bonzinhos” que os filhos sejam, na medida em que, existe um conjunto de procedimentos, boas-práticas, exemplos, atualização em todas as matérias que for possível e condições materiais, ao nível económico e financeiro, que garantam o melhor para os filhos, os quais, conforme vão crescendo, física e intelectualmente, compreenderão, os maiores ou menores esforços dos pais em geral; e do pai em particular.

Atualmente, ser pai não é nada fácil, mas ao mesmo tempo, é uma bênção divina: não é nada fácil, porque a sociedade de consumo em que vivemos, torna as pessoas cada vez mais exigentes, reivindicativas e com permanente e elevado grau de insatisfação. As crianças, adolescentes, jovens e idosos não escapam a esta tendência, dir-se-ia, irreversível; mas é uma bênção divina porque milhares de casais, mulheres e homens, desejavam ter filhos biológicos, mas não conseguem.

A condição de pai, indiferentemente de o ser pela via biológica, não é afetada, por quaisquer outras situações, na medida em que o poderá ser pela via adotiva, ou ainda pelo casamento ou união de facto com a mãe, solteira, separada ou viúva, com filhos, porque ser pai é, antes de mais: ser amor, companheiro, amigo, confidente, defensor; ser pai é estar disponível para compreender, ensinar, corrigir, criticar, elogiar, punir e perdoar; ser pai é partilhar, doar, interceder e estar, incondicionalmente ao lado dos filhos.

Infelizmente, o privilégio, a nobreza e a bênção de ser pai, não é assumida por muitos homens, que apenas pensam, irresponsavelmente, numa ou mais aventuras, ditas amorosas, em que a sexualidade é o objetivo principal, sendo realizada, mas nem sempre assumida nas suas consequências e, na maioria dos casos, segundo as estatísticas oficiais, pelo pai que, à primeira dificuldade, abandona a mãe e os filhos e, também se sabe, que nem sequer ajuda nas despesas com aquela criança que não escolheu aquele pai, nem pediu para nascer.

É óbvio que aos filhos também assistem deveres e direitos, de resto, até há um adágio popular que refere o seguinte: “filho és, pai serás; como fizeres, assim receberás”. Certamente que a maioria dos filhos deseja o melhor para os seus pais que, por eles farão tudo o que estiver ao seu alcance, eventualmente, seguindo os exemplos dos pais, em relação aos avós daqueles, contudo, nem sempre os filhos dispõem das melhores condições para ajudarem os pais.

Existem situações em que, simultaneamente, somos filhos, pais e avós, o que envolve três gerações de pessoas vivas, obviamente, verificando-se que o relacionamento entre estes distintos níveis de parentesco é diferente, na medida em que a educação, a formação, os valores, e até as normas sociojurídicas da sociedade, se vão alterando, logo, os procedimentos são afetados, seja pela positiva, seja pela negativa.

Mas importa aqui refletir, mais concentradamente, no pai, porque no dia que lhe é destinado, não se pode, nem deve, ignorar a importância que o pai tem no seio da família, de resto, a exemplo da mãe: ambos necessários; ambos insubstituíveis; ambos com papéis essenciais na formação educacional dos seus filhos e, por via deles, na construção de uma sociedade mais tranquila, mais justa, livre e democraticamente responsável.

E se à mãe cabe: um papel excecional na preparação dos filhos para a vida, designadamente no que respeita à interiorização de determinados princípios, valores e sentimentos, uma espécie de ideologia do bem; ao pai, talvez se ajuste melhor uma tarefa mais pragmática, para passar aos filhos uma objetividade direcionada para resultados práticos e que, ainda por razões culturais, aceita-se que o homem é, eventualmente, mais realista e pouco sonhador, excetuando situações que apontam em sentido contrário.

Pode resultar, daqui, a ideia, segundo a qual, os pais – mãe feminina e pai masculino -, são ambos cruciais na conceção, educação e preparação dos filhos para, por si sós, se integrarem na sociedade multifacetada e realizarem com sucesso, os seus projetos de vida, sendo vital para o êxito dos filhos, também os bons exemplos dos próprios pais.

Neste dia do pai, é da mais elementar justiça, considerar que ao longo dos séculos, ele tem sido, em geral, uma figura tutelar do maior relevo, naturalmente, assumidas com afeto, respeito e firmeza, as suas responsabilidade na condução, justamente, com a mãe, dos destinos dos filhos, não só enquanto estes estão na sua direta dependência, como ao longo da vida, embora, nesta fase, sob a forma de conselhos, porque pai, tal como mãe, é para sempre, e essa nobre condição deve ser valorizada na e pela sociedade.

Reconhecer, neste dia, consagrado ao pai, a importância do seu papel e incentivar as entidades, públicas e privadas, a estabelecerem medidas de apoio – igualmente para a mãe -, no sentido do pai ter condições materiais, mínimas que sejam, para poder criar, educar, formar e preparar para o mundo do trabalho os seus filhos, seria uma forma de se passar do simbolismo do dia, à prática dos atos concretos, que a realidade da sociedade exige.

Neste contexto, uma das medidas que se entende adequada e justa seria atribuir a todos os pais, sem rendimentos, e que tenham filhos a cargo, pensões de alimentação a suportar, um subsídio social para este efeito, com a obrigatoriedade de o pai, nestas circunstâncias, ser sujeito a controlo, e/ou apresentar provas em como aquele apoio financeiro está, de facto, a contribuir para a alimentação, saúde, educação e formação dos seus filhos.

O pai, tal como a mãe, deve ser uma referência para os filhos, em todas as dimensões humanas, que lhe seja possível: pessoal, familiar, profissional, social, religiosa, política, cultural e, em todas elas, ou na maior parte, revelar-se competente e responsável para, desta forma, poder ser respeitado, acarinhado e credibilizado na sociedade, constituindo-se num fator de orgulho para os filhos e, assim, estes terem motivos para seguir o seu exemplo.

Dia do Pai, na ideologia católica, dia de S. José, o carpinteiro, o trabalhador incansável, o marido de Maria, mãe de Jesus. A desejável equiparação, para os crentes, é claro, do Homem-Pai, a S. José, poderá ser um privilégio, mas é fundamental e, seguramente, uma referência que dignifica a condição de Pai, numa sociedade em que a família tanto vem sofrendo por vários motivos, alheios às suas vontades.

O Presidente da Direção,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
925 935 946

 

domingo, 1 de março de 2015

Cidadania Inclusiva


Elaborar um conceito, uma caracterização ou estabelecer o paradigma de “Cidadania Solidária Luso-Brasileira”, em função de um novo perfil de cidadão democrático Luso-Brasileiro, para o presente século, é tarefa complexa para se realizar, até porque, antes e depois deste trabalho, muitos investigadores, teóricos, pragmáticos e autodidatas se preocupam com o tema e, no futuro, novos e melhores trabalhos surgirão, sem qualquer dúvida.

O novo cidadão iniciará a sua formação nos valores éticos inerentes ao respeito pelos direitos e deveres que a cada indivíduo assistem. Na circunstância, os cidadãos que desde há mais de quinhentos anos se desejam como irmãos, embora nem sempre tal ambição se tenha concretizado em pleno, buscam, uma vez mais, a realização absoluta deste sonho e, justamente, as excelentes relações político-diplomáticas, empresariais e culturais, parecem, finalmente, ajudar a alcançar este objetivo primordial. Por isso, é essencial defender uma conduta ética correta, sem ambiguidades, sem tibiezas, desde logo nos domínios políticos, culturais, educacionais, cooperação e negócios.

Caminha-se para a introdução de profundas mudanças na sociedade mundial. As transformações decorrentes das novas tecnologias: a globalização económica, comercial, industrial e monetária é um dado adquirido; o avanço científico, os problemas ambientais, as tentativas para estabelecer uma nova ordem internacional que, do ponto de vista de algumas potências, pode perverter valores civilizacionais e comprometer o próprio direito internacional, constituem realidades para as quais o novo cidadão se deve consciencializar.

Por outro lado, situações de grande conflitualidade regional, em vários pontos do globo, que afetam, direta ou indiretamente, todas as nações do Mundo, estão a dificultar os esforços desenvolvidos aos mais altos níveis políticos e religiosos, para o restabelecimento de uma paz mundial.

O cidadão cuja estrutura se tem vindo a tentar descrever insere-se já, neste novo mundo e as suas necessidades de adaptação são diferentes daquelas que sentiram os seus antepassados. Cumpre dar satisfação a tais carências, fundamentalmente através da educação, até porque o papel da família, continuando a ser importante, não é suficiente, na medida em que, também neste agente socializador que ela representa, muitas tem sido as alterações.

Reconhece-se que a própria constituição da família já não obedece aos processos tradicionais, a duração do matrimónio clássico é cada vez menor, por razões que se prendem, de entre outras, com projetos profissionais, com um reforço das autonomias individuais, atividades diversas: associativismo, política, entre outras, e com uma partilha exigida de tarefas domésticas, em alguns casais. O papel da família na educação tradicional que no seu seio era desenvolvido, perdeu muito da sua influência e eficácia.

 O processo de formação para a cidadania desenvolve-se livremente nas sociedades democráticas, onde os cidadãos, independentemente da idade e estatuto, recebem a preparação adequada para poderem intervir, consciente e eficazmente, nas suas comunidades, com solidariedade e compreensão

Muito embora se reconheça maior ou menor dificuldade, conforme a idade e a disponibilidade das pessoas, para receber formação cívica, bem como a atitude de resistência à mudança e a tudo o que é novo, é possível defender que a construção da cidadania passa pelo empenho de jovens e adultos, e para que a motivação não falte é necessário investir em recursos técnicos e humanos, que facilitem não só a aprendizagem mas que sensibilizem as pessoas para a fruição deste valor cívico-democrático, tão importante no desenvolvimento e relacionamento social.

O cidadão “luso-brasileiro” que é preferido, no que respeita à construção da cidadania, numa sociedade democrática, poderá não ter idade adulta, condição que não incomoda, porque não é só dos mais idosos, mas também, e cada vez mais, dos jovens que surgem contributos riquíssimos no aperfeiçoamento de ideias, de práticas e dos correspondentes resultados.

A cidadania moderna não se confina (ou não deveria circunscrever-se) a um território, a uma Constituição, a uma cultura, história e etnia. A cidadania que se defende, mais tarde ou mais cedo, deverá caminhar para uma maior abrangência e integração dos cidadãos, seja numa sociedade mais alargada, numa comunidade local, numa instituição, num grupo, qualquer que seja a sua localização geográfica, apenas se observando as leis específicas de cada país. Cidadania Solidária.

O mundo é de todos e não é de ninguém. Cada um nasceu num local que não escolheu previamente, por isso deveria poder optar por quaisquer outros espaços para viver, trabalhar e exercer os seus direitos e deveres de cidadão universal, sem restrições artificiais impostas pelo homem.

O primeiro contributo para a cidadania lusófona cabe pois a este cidadão “luso-brasileiro” que ao longo deste trabalho se tem vindo a idealizar. Um cidadão que jamais perca o rumo da democracia, da cidadania lusófona e que se prepare com entusiasmo, convicção e firmeza para o futuro próximo. O cidadão que todos desejam ser, mas que para alguns se tornará mais difícil se se deixarem comandar por certo tipo de saudosismos, de nostalgias “patrióticas”, de pseudo-supremacia colonialista e rácica.

O novo cidadão que já está sendo formado nos valores da democracia e da cidadania, a vários níveis dos sistemas educativos e da formação profissional, tem o direito de beneficiar do apoio, da compreensão e da solidariedade dos mais experientes, daqueles que tiveram na sua vida de se confrontar com um regime ditatorial e agora com o regime democrático, que por isso mesmo estão melhor preparados para ajudarem nesta tarefa supranacional da construção da cidadania e consolidação da democracia.

O Presidente da Direção,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
925 935 946