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domingo, 10 de maio de 2015

Tempo Mariano


Entre as várias e muitas características do povo português, ainda e por enquanto, maioritariamente católico, é a sua Fé na Virgem de Fátima, a cujo Santuário acorrem, diariamente, em número relativamente significativo, aumentando aos fins-de-semana, tendo o seu expoente máximo nos meses de Maio, Outubro e Agosto, porque se celebram as aparições e no verão é quando se regista o maior número de emigrantes portugueses e peregrinos de outras nacionalidades, respetivamente, com destaque para os brasileiros.

Os portugueses, na verdade, são um povo crente e o apego a Deus e aos Santos verifica-se a cada momento, nas mais diversas e complexas circunstâncias, de tal forma que, mesmo algumas daquelas pessoas que se autointitulam de não-crentes, agnósticas, ateias e outras posições, algumas das quais de duvidosa consistência religiosa, na verdade e quando em situações de grande desespero pessoal, familiar ou outra, no limite, sempre acabam por pronunciar, pelo menos, o nome de Deus: “Vala-me Deus”; “Deus me acuda”, ou de uma figura santificada: “Nossa Senhora me defenda, proferindo, portanto, o nome da/o santa/o a quem podem ajuda em troco, muitas vezes, do cumprimento de uma promessa.

Escusado será referir que toda e qualquer pessoa bem-formada, acatadora das ideias, convicções e comportamentos do seu semelhante, a atitude mais adequada é a de total respeito pela religião professada, concordando, ou não, partindo, sempre, do princípio que não existe radicalismo, fundamentalismo e ações violentas, por parte de quem se diz praticante de uma dada confissão religiosa.

Numa sociedade democrática, na qual a liberdade de expressão e de religião são direitos consagrados constitucionalmente, na respetiva Lei Fundamental, eles, os direitos, devem ser escrupulosamente exercidos, com equilíbrio, moderação e igual respeito pelas posições daquelas pessoas que, não sendo crentes, nem professando nenhuma religião, acatam, contudo, o comportamento dos crentes católicos, neste caso e em geral, mas também de outras confissões religiosas.

Em Portugal, o Mês de Maio está consagrado como sendo um período “Mariano”, dedicado a Nossa Senhora de Fátima, porque foi em treze de Maio de mil novecentos e dezassete que teria ocorrido a primeira aparição da Virgem aos três pastorinhos: Lúcia, Jacinta e Francisco, na Cova da Iria, em Fátima, para, em Outubro do mesmo ano, nova aparição se ter repetido.

De então para cá, a Fé, a devoção e o apego à Senhora de Fátima evoluíram exponencialmente, de tal forma que: quer as instalações anexas à Capelinha das Aparições, como o imponente Santuário Mariano, quer as infraestruturas instaladas para acolher os peregrinos, quer as vias de comunicação e acesso, quer, ainda, a indústria hoteleira e de restauração, bem como o turismo religioso, beneficiaram de um incremento jamais equiparável noutras localidades portuguesas, em tão pouco tempo, o que não retira as convicções de quem recorre a Nossa Senhora de Fátima, em situações de maior aflição na vida e/ou para agradecer alguma “Graça” recebida, e isso tem de se respeitar.

O Mês Mariano em Portugal é de grande veneração a Nossa Senhora de Fátima, praticamente em todas as aldeias, vilas e cidades do país. As peregrinações a Fátima, seja de transporte motorizado, seja a pé, partindo de qualquer recando do país, ou do estrangeiro, são às centenas de milhares de crentes que vão à Cova da Iria para: pagar promessas, pedir ajuda e manifestar à Santa a sua Fé e Fidelidade.

Quem entra no recinto do Santuário de Fátima, imediatamente sente-se como que num mundo celestial de serenidade, de transcendência, de proteção e de mistério. Os receios da vida como que desaparecem, para darem lugar a uma confiança imensa, uma segurança que nos deixa mais fortes, uma Fé que se renova, à medida que caminharmos para a Capelinha das Aparições e depois para a Basílica. Igual sensação de bem-estar, quando se visita a Igreja da Santíssima Trindade. Enfim, um mundo “Sobrenatural” que nos leva ao recolhimento.

Maio Mariano, assim poderemos qualificar estes trinta e um dias de Oração, de Fé, de Peregrinação, de tentativa de realização de desejos e cumprimento das promessas. Os crentes, em geral; e os devotos de Nossa Senhora de Fátima, em particular, devem sentir-se orgulhosos, privilegiados, por poderem vivenciar experiências tão íntimas, misteriosas e salvíficas, na medida em que: é uma Graça Divina termos do nosso lado, a Senhora de Fátima.

Há quem desvalorize, eventualmente, ridicularize estes sentimentos religiosos. Também existem outras pessoas que rotulam os crentes de “ignorantes”, “atrasados mentais”, “superpersticiosos” e outros epítetos que acabam, até, por ser difamatórios, mas que qualificam bem: a formação, a educação, os princípios, os valores, os sentimentos e o caráter de quem os produz.

Ao longo da História da Humanidade, a religião sempre foi uma dimensão incontornável da pessoa verdadeiramente humana, que a distingue dos restantes seres da natureza e, também é verdade que: mulheres e homens, figuras ímpares, no mundo de milénios de anos, se revelaram de incomensurável importância, pela inteligência, atitudes altruístas, mártires; como também houve quem, pela ideologia maquiavélica, produzisse os maiores horrores do mundo.

Defender a religião, no respeito pela laicidade de cada pessoa e instituição, é uma atitude que se deve considerar como fazendo parte de uma cultura mais global que, de alguma forma, nos enriquece, espiritual e moralmente, quando praticada com equilíbrio, isenção, convicção e Fé. Não se pode, nem deve, defender qualquer tipo de sectarismos, seja ele religioso ou antirreligioso, porque cada pessoa tem, ou não, a sua Fé, as suas crenças e, acredita, ou não, numa vida eterna.

Comemorar o “Treze de Maio”, em Portugal, é festejar o que de mais sublime, misterioso e inefável se pode fazer, sem preconceitos de qualquer tipo de inferioridade, ou superioridade, porque a Fé alimenta-nos o espírito como a ciência nos enriquece a inteligência e nos conduz ao desenvolvimento material, mas estas duas dimensões nos distinguem dos demais animais e, sem qualquer complexo, até se podem complementar, enriquecendo-se, reciprocamente.

Cabe aqui uma alusão a todas as pessoas que têm a felicidade de, neste dia, comemorar algo de importante nas suas vidas: um aniversário natalício; a realização de um projeto; a obtenção de um emprego; a conquista de um grande amor; a recuperação da saúde; a restauração da felicidade, enfim, que este “Treze de Maio” seja um dia marcante na vida dessas pessoas e que Nossa Senhora de Fátima as proteja, as acompanhe, ilumine suas vidas, suas consciências, suas inteligências, bem como de seus familiares.

Neste Mês Mariano, nós, os crentes e devotos de Nossa Senhora de Fátima, queremos unirmos aos nossos irmãos em Cristo para, todos juntos, rogarmos que, por interceção da Virgem Maria, possamos viver em fraternidade, sem quaisquer discriminações negativas, uns em relação aos outros, porque em boa verdade, acreditamos que a nossa diferença e, possivelmente, superioridade, em relação à restante natureza: animal, vegetal e mineral, reside, precisamente, nesta misteriosa dimensão que a Fé religiosa nos confere.

O mês de Maio em Portugal e, muito especificamente o dia “Treze” é para ser festejado, crentes e não-crentes, devotos de Nossa Senhora de Fátima, com aquelas pessoas que, não acreditando na sua própria natureza espiritual, tenham a possibilidade, e a boa-vontade de, pelo menos, meditar no Ser Transcendente que nos governa e na santificação de quem já passou por este mundo terreno e deu exemplos de grande abnegação, altruísmo e amor ao próximo.

Maria, Mãe Redentora, enaltecida neste “Treze de Maio”, protegei as nossas crianças que, neste dia, tiveram o privilégio de nascer; mas protegei, também, todas as outras criaturas: jovens, adultos e idosos; as famílias e amigos; as instituições; sensibilizai todas as pessoas mais velhas, que não são crentes, para que ingressem no caminho que conduz à salvação do espírito, porque para lá do corpo físico, certamente, teremos uma outra natureza espiritual, encantadora, que mais nenhum outro ser, provavelmente, terá. Glorifiquemos, portanto, MARIA.


O Presidente da Direção,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
925 935 946

 

 

 

sexta-feira, 1 de maio de 2015

O Trabalhador na sua Dignidade


A sociedade, considerada nas suas diferentes dimensões: política, religiosa, económica, financeira, empresarial, territorial, cultural, lazer e laboral, entre outras, seguramente que não estaria organizada, hierarquizada e estratificada como hoje a conhecemos e analisamos, se não fosse o esforço permanente do ser humano, no estudo, planificação, aplicação de técnicas e tecnologias e avanço progressivo e sustentável, para a melhoria contínua da qualidade de vida das pessoas.

Sensivelmente que cerca de metade de todas as pessoas, que constituem a sociedade humana organizada, desenvolve uma atividade produtiva, colaborando, assim, para o desenvolvimento do todo, tendo por obrigação apoiar aquela faixa etária que já deu o seu contributo, bem como preparar os mais jovens para, mais tarde, eles assumirem as diferentes funções que são necessárias, a fim de que haja uma progressão sustentável do bem-comum e que, igualmente, a felicidade, na sua vertente de satisfação de bem-estar material e espiritual, seja uma realidade.

Será, praticamente, impossível, conceber uma sociedade organizada, em permanente desenvolvimento, sem o contributo daquelas pessoas que exercem funções em diferentes áreas de atividade: da saúde à educação; do trabalho à formação; da política à religião; da cultura ao lazer; da economia à finança; do empreendedorismo ao investimento; entre muitos outros domínios contributivos para o bem-estar e conforto das populações.

Os “Dias Nacionais”, “Internacionais” e “Mundiais”, a propósito de um qualquer evento, sucedem-se, diariamente. O “Primeiro de Maio”, por exemplo, está consagrado ao Trabalhador, qualquer que seja a sua atividade e, acrescenta-se, do ponto de vista do autor, independentemente de estatuto académico-profissional, na medida em que, quem se dedica a uma laboração, sempre acaba por produzir alguma coisa que, mais ou menos, interessa à sociedade de consumo.

E se as instituições, proprietários, empresários e líderes são necessários, assim como os recursos técnicos, tecnológicos, financeiros e infraestruturais diversos, igualmente é verdade que o capital humano se torna imprescindível, por mais máquinas que se inventem e utilizem, porque a inteligência das pessoas é insubstituível e o trabalho por elas realizado é, seguramente, indispensável.

A sociedade mundial laboral, em geral; e a comunidade portuguesa, em particular, vivem um período conturbado, porque os níveis de desemprego atingem percentuais muito elevados, colocando em causa: não só a estabilidade económico-financeira das famílias; como também a consolidação da autonomia e dignidade que devem assistir a toda a pessoa, verdadeiramente humana.

Por outro lado, ainda se verificam situações inaceitavelmente degradantes para muitos milhões de trabalhadores, em todo o mundo, desde logo a começar naqueles que, para escaparem ao desemprego, à fome, à miséria e, no limite, ao suicídio, se vêm obrigados a emigrar, sendo, em muitos casos, mal recebidos, mal tratados e, alguns deles, expatriados.

É evidente que a responsabilidade por estas situações de desemprego, que muitas vezes conduzem à desgraça de famílias inteiras, pode ser repartida, quem sabe, em três quotas-partes: a muitos Governos, que deveriam ter melhores políticas sociais de emprego, devidamente sustentáveis; a algumas Empresas que apenas buscam, gananciosamente, lucros exorbitantes, sem olhar a meios, despedindo pessoal, que é substituído por máquinas; finalmente, muitos dos próprios potenciais Trabalhadores que, em muitos casos, não querem trabalhar, embora tenham saúde e capacidades físicas, psicológicas, intelectuais e profissionais, não o fazendo porque, eventualmente, estarão a receber subsídios sociais.

Neste “Dia Mundial do Trabalhador”, é oportuno que as entidades responsáveis proporcionem à sua população desempregada, independentemente da idade, habilitações e profissão, as condições necessárias e suficientes para que o trabalho seja uma realidade que valoriza e dignifica a pessoa humana, ainda que através de ocupações ao nível da melhoria das habilitações literárias e formação.

Em Portugal têm sido criados milhares de postos de trabalho, é verdade, principalmente no setor privado. Também a emigração de portugueses tem contribuído para uma redução do desemprego, ainda que relativamente baixa. Mas, em bom rigor, ninguém pode negar que foram eliminados milhares de empregos: quer no setor público; quer na atividade empresarial privada.

A criação de algumas micro e pequenas empresas tem ajudado a reduzir o impacto negativo, que este flagelo do desemprego tem provocado na população portuguesa, com destaque para os jovens, onde a taxa de desocupados é altíssima, não obstante as elevadas qualificações académicas e científicas que possuem.

Apesar de alguma alegada evolução, parcial e timidamente animadora, a verdade é que o próprio Estado não tem respeitado os trabalhadores do seu próprio país (como igualmente os imigrantes que nos procuram) e, a título meramente ilustrativo, analise-se o que se verificou em dois mil e doze, com o despedimento de dezenas de milhares de formadores, técnicos de educação, assistentes administrativos, coordenadores pedagógicos e gestores de formação, que vinham trabalhando, desde há vários anos, no projeto “Novas Oportunidades”, Cursos de Educação e Formação de Adultos e Jovens, Formações Modulares. A esmagadora maioria daqueles profissionais, nunca mais voltaram ao mercado de trabalho.

A decisão governamental de dois mil e doze, atingiu, também, centenas de milhares de portugueses, que tinham na Qualificação Académica e Profissional a oportunidade para melhorarem as suas condições de empregabilidade, de prosseguirem, com sucesso, as suas carreiras profissionais, concorrerem a novos empregos, elevarem a sua autoestima, a dignidade e prestígio para Portugal, resultando que a esmagadora maioria destas pessoas, não conseguiram entrar no mundo do trabalho: seja por falta de habilitações; seja por carência de formação.

Idênticas medidas gravosas têm-se verificado noutros setores: na educação, são aos milhares os professores que ficaram sem colocação e estão na situação de desemprego; na Segurança Social; em muitas empresas privadas; enfim, uma verdadeira destruição de postos de trabalho, tudo em nome de uma injusta e desnecessária “austeridade”, nos moldes em que foi realizada, retirando direitos adquiridos ao longo de uma vida de trabalho.

No setor privado, juntamente com o público e empresarial do Estado e na maioria das Autarquias Locais, o desemprego também “disparou” em flecha, chegando a atingir um valor superior a dezassete por cento, valor que é inadmissível e extremamente injusto, (registe-se, aqui e agora, algumas exceções a nível de Câmaras Municipais, em que Caminha, é um bom exemplo, já em dois mil e catorze/quinze, se verificou um aumento substancial de postos de trabalho).

Nenhum país, nenhuma empresa podem abdicar da sua mão-de-obra que, no caso português, é cada vez mais qualificada, das melhores do mundo, porém, tão subaproveitada que, inclusivamente, já foi aconselhada a emigrar, depois do país, através dos seus contribuintes, ter investido, e bem, milhões de euros na formação dos seus jovens e de milhares de adultos.

Celebrar, em Portugal, o “Dia do Trabalhador”, pode parecer um absurdo, uma encenação do “faz de conta que tudo está muito bem”, todavia, os nossos trabalhadores que: estão no desemprego, às centenas de milhares; outras centenas de milhares que não recebem qualquer apoio social; outras tantas centenas de milhares que viram muitos dos seus direitos, entretanto adquiridos, alguns deles no tempo da ditadura, serem-lhes retirados; enfim, sem se querer ser pessimista, temos de ser realistas, esta é que é verdade que temos de debater neste dia tão propalado, como em todos os restantes dias do ano.

O “Primeiro de Maio” de dois mil e quinze, vai ser celebrado pelos trabalhadores, pelos seus representantes, certamente, com as mais diversas manifestações, com críticas às políticas governamentais, mas também com discursos oficiais do Poder Instituído, estes a roçarem a eventual demagogia das campanhas eleitorais, em que tudo se promete e, no dia seguinte à tomada de posse, tudo se nega, tudo se confunde, tudo se “baralha” para “dar de novo”, daí a quatro anos.

Neste “Dia do Trabalhador”, assuma-se, apesar de tudo, uma atitude construtiva, de esperança, de renovação, de credibilização das políticas sociais, económicas, financeiras, da saúde, da justiça, da educação e da formação, porque quanto mais instruído for um povo, mais produtivos e responsáveis serão os seus trabalhadores, que apenas e tão só, desejam trabalhar, com segurança, com futuro, para eles, para os seus filhos e, se possível, ainda poderem apoiar os seus progenitores, hoje, a maior parte deles aposentados, substancialmente despojados dos direitos que, ao longo de uma vida de trabalho e sacrifícios, conseguiram.

Neste “Dia do Trabalhador”, que se “cantem” hinos ao respeito por quem trabalha, porque tem está desempregado, por quem já trabalhou, por quem teve de (i)-emigrar. Que se celebre com pompa e circunstância, sim senhor, a Dignidade do Trabalhador, do Reformado, do Desempregado e do (I)-Emigrante, das mulheres e homens que, com a força do seu trabalho, constroem, ainda com alguma Esperança um país mais Justo e Humanista.

O Presidente da Direção,
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo