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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Globalização da Inclusão


O fenómeno da exclusão, qualquer que seja a sua natureza e dimensão, manifesta-se no comportamento individual dos cidadãos excluídos. Terá origem nas políticas aprovadas e postas em vigor pelos governantes e decisores e ainda nas práticas discriminatórias de uma diversidade de dirigentes e indivíduos anónimos. Eventualmente, também, ainda que em menor número, por aqueles que se auto-excluem. As consequências da exclusão serão, igualmente, diversas e podem incluir aspectos económicos, profissionais, políticos, religiosos, culturais, entre outros.
A exclusão tácita, sub-reptícia e ilegal, além de imoral e condenável, é imposta ao cidadão sem que, na maioria das situações, ele se possa defender e lutar pelos seus direitos, de plena inclusão na sociedade, e até no mundo em que vive.
A pessoa sente-se excluída, afastada, ignorada e, quantas vezes, humilhada, sem saber o porquê de tal situação e quando procura investigar, informar-se e manifestar a sua indignação, não é atendido com a urgência e eficácia que a situação exige, nem oficial nem tecnicamente, por nenhum responsável que lhe possa valer, contribuindo para a resolução da situação e ajudando-o a integrar-se na sociedade.
A exclusão social, assim genericamente considerada por muitos altos dignitários políticos, religiosos e técnicos, das diversas áreas da sociedade organizada, abrange inúmeras pessoas em todo o mundo, sendo difícil apontar taxas percentuais, porquanto faltam critérios objetivos para definir exclusão, se se atender às suas múltiplas naturezas; além de que, um cidadão pode considerar-se excluído de uma determinada religião, mas integrado numa outra; excluído de um certo estatuto sócio-profissional, mas incluído num outro estatuto sócio-económico e assim sucessivamente.
Abordar, portanto, a exclusão social no sentido de uma situação marginalizante que prejudica a dignidade da pessoa humana, desde logo no exercício dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres, contrapondo-lhe, como solução e, tal como é defendido pelos mais distintos representantes da comunidade, medidas de inclusão, será o objetivo desta reflexão.
Atualmente, e muito em concreto em Portugal, milhares de cidadãos com mais de 40/45 anos de idade, são, profissionalmente, excluídos da sua actividade principal, a partir do momento em que, por razões alheias às suas vontades, passam a uma situação de desemprego.
Igualmente, um cidadão na situação de reformado, pode ficar impedido de trabalhar, por conta de outrem, ainda que noutras funções, excepto se optar pela perda de dois terços da reforma ou do novo salário, logo, nestas circunstâncias, passa ao universo dos excluídos, por muita vontade que manifeste em continuar a trabalhar.
Em algumas situações o ingresso na iniciativa privada verifica-se em condições excecionalmente recompensadoras, sob todos os aspectos, sendo exemplo disso mesmo o que nos últimos anos se tem verificado com alguns políticos.
Há, ainda, para alguns, a possibilidade de serem nomeados para elevados cargos internacionais, de natureza humanitária, com altas recompensas e prestígio, provavelmente, sem perda das remunerações de aposentação que legalmente obtiveram nos países de origem. 
A primeira década deste novo século não se iniciou com a perspectiva de profundas e melhores alterações a esta situação, que envolve cada vez um maior número de cidadãos: quer pela via do desemprego; quer pela evolução das tecnologias; quer pelo avanço da idade.
Desempregados e aposentados são, na era dos maiores avanços científicos e tecnológicos, como que duas novas categorias ou classes sociais, porém, vistas pelo lado mais negativo e pessimista, porque nem uns nem outros têm grandes possibilidades de trabalhar, nas suas atividades profissionais e em ocupações que lhes deem prazer, maior realização pessoal e manutenção e/ou aumento dos seus rendimentos, respetivamente.
Neste contexto, em rápida transformação, caberá às políticas sociais, sob orientação estatal, mas também privada, no âmbito da educação e formação, dotar os cidadãos para o prosseguimento de uma vida ativa para a qual se exige formação adequada, como estratégia para situações verdadeiramente desumanas e que «são a consequência imediata da emergência de novos paradigmas sociais, económicos e culturais: aprender sem idade (…); respostas formativas a cinco grandes desafios da nova ordem internacional a saber: interdependência e concorrência global, ritmo de difusão das novas tecnologias, nova organização do trabalho, cidadania ativa, sociedades inclusivas.» (CARNEIRO, 2000: 257).
Uma sociedade universal inclusiva seria o objetivo final da humanidade, a partir das comunidades nacionais. Trata-se de um desafio hercúleo, que urge enfrentar e vencer, que não é impossível mas se reconhece extremamente difícil por causa dos egoísmos individuais, grupais e de comunidades mais alargadas. Mas cada um, no exercício de uma cidadania ativa, tem o dever de contribuir para aquele desígnio universal: construção de uma sociedade inclusiva ou, mais eficazmente, globalização da inclusão.

Bibliografia
 
CARNEIRO, Maria Rosário, (2000). Família: Elemento Basilar do Tecido Social, in Nova Cidadania, S. João do Estoril: Principia, Publicações Universitárias e Científicas, (5), Julho/Setembro, p. 7-9.
CARNEIRO, Roberto, (Coord.). (2000). Aprender e Trabalhar no Século XXI. Tendências e Desafios. Lisboa: Ministério do Trabalho e da Solidariedade/Direcção-Geral do Emprego e Formação Profissional.

O Presidente da Direção da ARPCA,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo


 

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