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domingo, 1 de junho de 2014

O Poder Ético da Fé


Existem razões suficientes para: apesar dos conflitos regionais e locais; das dificuldades em diversos domínios da vida humana; dos problemas na saúde, no trabalho, nas famílias; preconceitos, egoísmos, radicalismos, fundamentalismos, e outras situações incómodas, se acreditar num mundo mais equilibrado, numa sociedade global mais humanizada e fraterna, principalmente para a grande maioria dos que têm Fé, daqueles que acreditam numa Justiça Divina, obviamente mais sábia, mais compreensiva, mais tolerante, porque perfeita, comparativamente com os sistemas judiciais do homem imperfeito e finito.
O êxito para a humanidade atingir patamares de bem-estar, neste se incluindo condições materiais de vida, mas também convicções verificáveis de serenidade de espírito e Fé, numa vida transcendente e redentora, terá de passar por uma conduta individual e coletiva, compaginável com o respeito pelos direitos e deveres que cabem aos cidadãos em concreto e aos espíritos prudentes, benevolentes e tranquilos que em cada indivíduo devem existir.
Exige-se competência na conduta que a pessoa deve assumir perante a vida e a sociedade. Conduta como sendo a: «Maneira de agir, atuar, comportar-se em observância a princípios, valores, orientações e regras. Este fator possui uma característica interessante: é o único que todas as pessoas podem possuir em igualdade de condições, independentemente de posição ou formação, pois é fruto apenas da vontade.” (RESENDE, 2000:45).
A pessoa de Fé manifesta uma conduta perfeitamente assumida, declarada, exibida perante os demais seus iguais, e será este seu comportamento que lhe garante um Poder legítimo, transcendente e que ninguém lho pode usurpar. A sua conduta ética no exercício da sua Fé ilimitada, garantem-lhe um poder que, sem violência, sem armas, sem fundamentalismos, se impõe e, de certa forma, subjuga todos aqueles que, no limite e na dúvida, preferem manter-se, aparentemente, indiferentes, não hostilizando os detentores deste poder ético da Fé.
A praxis permanente, coerente e singularmente assumida pelos crentes, no respeito por aqueles que professam outras ideologias religiosas, aceitando com tolerância e compreensão os atos litúrgicos que lhes são próprios, credibilizam a pessoa de Fé e reforçam o seu poder espiritual. A consciência ética da pessoa de Fé permite-lhe tomar decisões adequadas, face às situações que se lhe colocam ao longo da vida, porque para ela: «A busca religiosa de valores principia com a aceitação de Deus como padrão de todas as decisões.» (FORELL, 1980:77).
Os modelos sócio-económicos que ao longo dos séculos têm vigorado em diferentes pontos do mundo, em contextos culturais diversos e com resultados divergentes, na maior parte dos casos estão próximo do esgotamento, dificultando a adoção de novos processos, outras soluções, porque persistem interesses e objetivos inconfessáveis em muitos dirigentes políticos, um pouco por todo o universo.
Continua-se a investir no conflito para ganhar poder estratégico, bélico e hegemónico, destruindo, mutilando e matando homens, mulheres, crianças e idosos inocentes, civis e militares. Muitos dos poderes que os responsáveis pelos diferentes sistemas políticos têm utilizado já se revelaram ineficazes, ou mesmo prejudiciais, por isso cumpre mudar, impõe-se novas políticas, novos processos, condutas compatíveis com a superior condição da dignidade da pessoa humana.
As filosofias e políticas individualistas, nacionalistas e unilateralistas não conduzem a objetivos verdadeiramente humanos, no contexto de uma sociedade moderna, democrática, tolerante e solidária. A delapidação de recursos materiais nos investimentos bélicos tem-se revelado desastrosa, na medida em que os principais problemas do mundo não são resolvidos, pelo contrário, alguns se têm agravado: doença, fome, desemprego e guerras.
O egocentrismo que carateriza pessoas e regimes constitui um sentimento cuja conduta produz mais desigualdade e injustiça. Facilmente se comprova que as políticas sociais, económicas e culturais implementadas até ao presente estão esgotadas na maioria dos países.
O homem só conseguirá reabilitar-se e recuperar a sua dignidade quando se assumir, na prática, em suas dimensões essenciais: enquanto ser único e individual, cooperando com o outro seu igual, com o mundo e com Deus, o que se aplica às organizações, às nações, aos continentes, porque: «O homem só e auto-suficiente é impensável. Se ele quiser realizar-se deve abrir-se livre e totalmente para Deus que, em seu amor, não se contenta apenas em dar-lhe o ser, mas deseja unir-se a ele e transformá-lo em si. O homem não está só, está ligado a todos os outros homens e deve livremente unir-se a eles pelo amor.» (QUOIST, 1985:23).
O imperativo categórico, o verdadeiro desígnio universal, fundam-se, portanto, numa conduta ética, para com os homens, para com o mundo, para com Deus. O Poder Ético da Fé, mas também de quaisquer atividades humanas, poderá ser a chave para a elaboração de soluções de problemas que atormentam e envergonham a humanidade.
Aquele Poder está acessível a cada pessoa individualmente considerada, desde que o queira utilizar em todas as suas tarefas e em quaisquer situações porque: «A conduta ética tem a ver com respeito próprio. Sabemos que as pessoas que se sentem bem consigo mesmas possuem o que é necessário para resistir a pressões externas e para fazer o que é certo, e não o que é meramente conveniente, popular ou lucrativo.» (BLANCHARD & PEALE, 1988:10).
A conduta ética, revela-se, assim, um poderoso instrumento para solucionar muitos problemas, alterar situações, melhorar condições de vida pessoais e coletivas, iniciar um novo e profícuo processo para uma sociedade mais fraterna, para que cada um alcance, eticamente, o sucesso a que tem direito, porque não ofende a Deus, nem ao mundo, nem ao outro seu igual, lutar: legítima, legal e eticamente, por uma vida melhor, individual ou coletiva.
Para se alcançar tais objetivos, pode-se iniciar o projecto recorrendo aos cinco princípios fundamentais da tomada de decisões éticas: «Propósito, Pundonor; Paciência; Persistência e Perspectiva. (…) Os cinco princípios básicos na conduta ética são também ingredientes de uma realização autêntica e duradoura na vida.» (Ibid.:44).

Bibliografia

BLANCHARD Kenneth & PEALE, Norman Vincent, (1988). O Poder da Administração Ética, Trad. Ruy Jungmann, Rio de Janeiro: Editora Record.
FORELL, George W., (1980). Ética da Decisão, Introdução ao Estudo da Ética Cristã, Trad. Walter Muller, 2ª Ed. São Leopoldo/RS: Editora Sinodal.
QUOIST, Michel, (1985). Construir o Homem e o Mundo, Trad. Rose Marie Muraro, 34ª. Ed. (332º milheiro), São Paulo: Livraria Duas Cidades.
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark

O Presidente da Direção,
 
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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